Honda cria sistema que vira o guidão da moto automaticamente para evitar acidentes, mas sistema pode ser perigoso

moto honda da amazonia 3
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A Honda acaba de registrar uma nova patente que pode parecer um avanço lógico em termos de segurança, mas que está provocando reações mistas entre os motociclistas mais experientes.

A proposta é simples no papel: câmeras monitoram os pontos cegos da moto e, caso detectem a aproximação de outro veículo em rota de colisão, o sistema aplica torque no guidão para ajudar a desviar.

Ou seja, a moto pode virar o guidão por conta própria.

A ideia se inspira em sistemas de assistência automotiva já comuns em carros, como a correção de faixa e a intervenção automática em manobras perigosas.

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Mas transferir esse conceito para o mundo das duas rodas é algo muito mais delicado.

Em um carro, uma leve correção na direção pode passar despercebida; numa moto, qualquer movimento afeta diretamente o equilíbrio, a inclinação e, principalmente, a confiança do piloto.

Segundo o documento da patente , o sistema verifica constantemente as ações do condutor.

Se o piloto já estiver freando, acelerando ou esterçando, o sistema interpreta que ele percebeu o risco e pode intervir com mais força.

Mas se o piloto não reagir, o sistema entra em ação gradualmente, para não causar um susto ou uma reação inesperada.

Do ponto de vista técnico, a Honda parece ter pensado nos detalhes.

Nada de movimentos bruscos, nada de tirar o controle das mãos do piloto de forma agressiva. Mesmo assim, a proposta incomoda.

Motociclistas experientes sabem que pilotar é, antes de tudo, uma atividade de atenção total.

Você assume o risco e se responsabiliza por tudo ao seu redor.

É essa consciência constante que mantém o piloto vivo — mais do que qualquer sistema eletrônico.

Para muitos, o prazer de pilotar também está na simplicidade: nada de alertas, sensores, assistências ou correções automáticas. É você, a máquina e a estrada.

Por isso, a ideia de uma moto que corrige sua rota sozinha soa, para alguns, como mais um passo rumo à perda de conexão entre piloto e moto.

O medo não é de que o sistema funcione mal. A Honda tem histórico de confiabilidade e raramente lança algo inacabado.

A preocupação é mais sutil: com o tempo, a dependência desse tipo de auxílio pode entorpecer os reflexos e reduzir a percepção de risco do piloto.

E isso, em uma moto, pode ser fatal. Além disso, há a questão da complexidade.

Câmeras sujam, sensores falham, software envelhece.

Cada nova camada de tecnologia representa também mais peso, mais custo, e mais chances de pane — especialmente longe de oficinas autorizadas.

Mesmo com todo o cuidado da Honda, a soma de complexidade e intervenção automática gera desconforto em boa parte da comunidade.

É verdade que outras marcas, como BMW e Ducati, também seguem esse caminho com sistemas baseados em radar e assistência ativa ao piloto.

O que a nova patente da Honda mostra é até onde essa linha de pensamento pode ir.

Se um dia for lançado, esse tipo de sistema deve estrear em modelos touring ou aventureiros, onde o foco está mais no conforto e na segurança em longas distâncias.

E, mesmo assim, é provável que muitos pilotos optem por desligar a função.

No fim das contas, a mensagem parece clara: as motos estão ficando mais inteligentes, mais automatizadas e cada vez mais controladas por software.

Isso pode melhorar as estatísticas de segurança.

Mas também ameaça a essência de algo que, para muitos, sempre foi uma atividade de instinto, controle e liberdade.

No guidão, quem precisa estar alerta é você — não um algoritmo.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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