
As montadoras tradicionais estão descobrindo, muitas vezes da pior maneira possível, que vender carros elétricos na China exige bem mais do que simplesmente importar modelos globais e colar um adesivo novo na traseira.
Para conquistar o consumidor chinês, é preciso desenvolver EVs sob medida para os gostos, exigências e bolso local. A Nissan entendeu isso com o sedã elétrico N7, desenvolvido com a parceira Dongfeng.
Já a Honda, que apostou alto na nova linha Ye, está amargando um fracasso retumbante.
Segundo dados recentes, as vendas da Honda na China caíram 2% no segundo trimestre de 2025, atingindo míseras 2.900 unidades — isso mesmo, menos de 3 mil carros vendidos em todo o país no período.
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O desempenho é especialmente decepcionante considerando o lançamento recente dos modelos elétricos S7 e P7, projetados especialmente para o mercado chinês. Tudo indica que a marca japonesa errou na mão em vários aspectos.
Começo errado: preço fora da realidade chinesa
O primeiro grande tropeço da Honda foi o posicionamento de preço. Ao chegar às lojas, o S7 custava 259.900 yuans (cerca de US$ 36.300).
Um bom preço em mercados como o europeu ou norte-americano — mas na China, onde concorrentes locais oferecem EVs eficientes por menos da metade disso, a proposta foi vista como desconectada da realidade.
Resultado: menos de um mês após o lançamento, o preço foi cortado em 60 mil yuans, o equivalente a US$ 8.400.

Tecnologia aquém das expectativas
O segundo problema é ainda mais grave: a falta de competitividade tecnológica.
De acordo com o Nikkei Asia, tanto o S7 quanto o P7 chegam com o sistema de assistência à condução Honda Sensing 360+, mas não oferecem direção semiautônoma ou mãos-livres — algo cada vez mais presente até mesmo nos modelos mais acessíveis da nova geração de elétricos chineses.
A Honda tenta reagir.
Para isso, fechou parcerias com a empresa local Momenta, especializada em condução autônoma, e com a startup de IA DeepSeek, que deverá fornecer recursos de inteligência artificial conversacional aos próximos modelos da marca no país.
Além disso, a montadora japonesa anunciou que vai começar a usar baterias de fosfato de ferro e lítio (LFP) nas versões vendidas na China — uma alternativa mais barata e popular entre os modelos locais, e que deve ajudar a reduzir os custos de produção e o preço final.

Enquanto isso, a Nissan…
Enquanto a Honda luta para vender milhares, a Nissan simplesmente decolou com o modelo elétrico N7, lançado por apenas 119.900 yuans (cerca de US$ 16.800). Em seu primeiro mês, o carro recebeu impressionantes 17 mil pedidos.
E o ritmo não parou: em agosto, 10.148 unidades foram entregues, superando em mais de três vezes o total de vendas da Honda no trimestre inteiro.
Enquanto a Honda ainda tenta entender o que deu errado, a Nissan colhe os frutos de uma estratégia certeira: preço acessível, bom pacote tecnológico e adaptação total ao gosto do consumidor chinês.

O caso da Honda é mais um exemplo de como a China virou o campo de batalha decisivo para a nova era dos carros elétricos.
E quem chega despreparado — mesmo com uma marca tradicional e décadas de experiência — pode ser esmagado sem cerimônia por rivais mais ágeis, conectados e alinhados com o mercado.
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