Montadoras estão voltando a se apaixonar por gasolina e diesel, deixando os EVs de lado

fumaca preta rolling coal (2)
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Mesmo após investir bilhões em veículos elétricos, parte significativa da indústria automotiva tradicional está revendo suas apostas e voltando a priorizar os motores a combustão.

Montadoras como Ford, General Motors, Honda e Stellantis enxergam nessa mudança de rumo uma nova janela de rentabilidade, diante da estagnação nas vendas de elétricos nos Estados Unidos e de alterações regulatórias impulsionadas pela atual gestão republicana.

A Ford, por exemplo, considera esse movimento uma “oportunidade multibilionária”, segundo o CEO Jim Farley.

A GM vai além: está investindo US$ 900 milhões no desenvolvimento de um novo motor V8, voltado para caminhonetes e SUVs, inclusive híbridos.

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ram 1500 hemi 2026 1
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A Stellantis, por sua vez, reintroduziu o motor Hemi V8 em modelos da Dodge e da RAM. A japonesa Honda adiou por dois anos a construção de uma fábrica de EVs e baterias no Canadá, avaliada em US$ 11 bilhões.

Nos bastidores, o setor atribui boa parte da mudança ao fim dos créditos fiscais para compra de EVs, determinado por Donald Trump, além da tentativa de derrubar regras de emissão de poluentes.

Com menos incentivos e custos de produção mais altos, muitos fabricantes passaram a ver os motores a combustão como fonte mais segura de lucros no curto prazo.

Analistas, porém, alertam para os riscos desse recuo, especialmente diante do avanço chinês na eletrificação.

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A China já lidera globalmente nas vendas de EVs, respondendo por dois terços do mercado. Em 2024, a expectativa é que os elétricos superem os carros a combustão no volume anual de vendas no país.

Com forte domínio também na cadeia de baterias e insumos críticos como níquel, cobalto e grafite, os chineses continuam expandindo sua presença — inclusive na Europa.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, o mercado de EVs sofre retração.

A consultoria AlixPartners reviu drasticamente suas projeções: agora estima que os elétricos representarão apenas 7% das vendas em 2026, contra 68% de veículos a combustão e 22% de híbridos.

Em 2030, a participação dos EVs deve chegar a apenas 18% nos EUA, muito abaixo dos 40% esperados na Europa e dos 51% na China.

Apesar das perdas no segmento elétrico, os motores a combustão continuam sendo os mais lucrativos.

A Ford, por exemplo, teve um prejuízo de US$ 5 bilhões com sua divisão de EVs em 2023, enquanto o setor de combustão gerou US$ 5,3 bilhões de lucro operacional.

Os veículos maiores, como picapes e SUVs, seguem com margens elevadas, o que explica a preferência de muitas marcas por continuar apostando nesses modelos.

Porsche também sentiu o baque do retorno às origens. Após ter investido pesado na eletrificação, a marca alemã anunciou que sua tentativa de reequilibrar a linha com mais híbridos e motores a combustão pode reduzir o lucro anual em até €1,8 bilhão.

Já montadoras como Toyota e BMW, que desde o início adotaram uma estratégia mais cautelosa e diversificada, agora colhem os frutos.

Ambas têm se beneficiado do aumento na demanda por híbridos.

A Toyota, por exemplo, bateu recorde de vendas globais no acumulado dos oito primeiros meses de 2024, com 7,4 milhões de unidades, das quais 40% foram híbridas.

A procura foi tão alta que, nos EUA, o estoque desses modelos chegou a apenas cinco dias, contra uma média bem maior no restante do mercado.

Por outro lado, empresas focadas exclusivamente em EVs, como a Tesla, vêm criticando duramente a reversão das políticas ambientais e regulatórias.

Em nota recente, a empresa alertou que essas medidas limitam a escolha dos consumidores e podem prejudicar a saúde pública a longo prazo.

A mudança de rota nos EUA também tem impactos geopolíticos. O setor automotivo, pressionado por tarifas comerciais e pela concorrência chinesa, passa a depender ainda mais das vendas domésticas para manter sua lucratividade.

Isso pode acabar regionalizando a atuação das grandes montadoras americanas, tornando-as cada vez menos relevantes no mercado global, alertam especialistas.

Para alguns analistas, o atual movimento lembra o erro histórico de empresas que se recusaram a acompanhar revoluções tecnológicas.

“Em 10 anos, essas montadoras podem se tornar relevantes apenas nos EUA”, disse Mark Wakefield, da AlixPartners. “E isso limitaria bastante seu potencial de longo prazo.”

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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