
Na mais nova febre das redes sociais, a estética venceu o bom senso — e possivelmente a segurança.
Uma tendência chamada “CarPlay rosa” vem ganhando milhões de visualizações no TikTok e Instagram, onde usuários ensinam como transformar a interface do Apple CarPlay em um festival de tons rosa-choque.
Pode parecer inofensivo, até divertido, mas há um problema sério por trás dessa personalização exagerada: ela compromete a legibilidade da tela e representa um risco real para quem dirige.
O “truque”, como muitos estão chamando, não envolve nenhum hack mirabolante. Basta escolher um papel de parede rosado, ativar o modo automático que alterna entre claro e escuro, e, principalmente, usar um recurso de acessibilidade destinado a pessoas com daltonismo.
A opção em questão é o filtro para protanopia (dificuldade de perceber tons de vermelho e verde), que altera de forma radical a paleta de cores da tela, deixando tudo com um tom rosa supersaturado e desequilibrado.
A função existe para ajudar pessoas com deficiência visual a distinguir melhor as cores.
Mas, nas mãos de quem quer apenas um visual “fofo”, virou ferramenta para criar uma tela de navegação que mais parece um filtro de Instagram.
O resultado? Um sistema com baixo contraste, onde ícones, mapas e informações importantes perdem clareza — algo crítico quando se está dirigindo.
Vale lembrar que o CarPlay foi projetado com foco absoluto na legibilidade. A ideia é minimizar distrações e transmitir informações de forma rápida e intuitiva.
Detalhes como cores neutras, contraste bem definido e layout funcional não são à toa: eles ajudam motoristas a manter os olhos na estrada e evitar acidentes. Alterar isso tudo por vaidade visual é mais do que ineficiente — é perigoso.
Ainda assim, a moda não dá sinais de arrefecer. Vídeos com “tutorial” de como deixar a interface rosa acumulam centenas de milhares de curtidas.
Um deles chegou a 545 mil likes, e comentários como “agora EU PRECISO instalar CarPlay no meu carro” se multiplicam, ignorando completamente o fato de que o recurso depende de compatibilidade com o sistema do veículo — e não de um simples desejo.
Para quem não tem CarPlay, a solução sugerida por alguns é ainda mais irônica: colocar o celular em um suporte e aplicar o mesmo filtro na tela do iPhone.
Afinal, os dispositivos Apple permitem ajustes visuais idênticos. E por que parar aí? Quem quiser pode até mexer nas configurações da TV de casa e transformar tudo em uma overdose de rosa.
A estética, claro, tem seu lugar. Mas quando falamos de interfaces de navegação em veículos, ela precisa vir acompanhada de responsabilidade.
O “CarPlay rosa” pode parecer só mais uma brincadeira visual, mas seu impacto vai muito além da aparência. Na estrada, onde cada segundo conta, enxergar bem é mais importante do que estar na moda.
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