
O mercado automotivo está atravessando um momento inédito: o preço médio de um carro novo nos Estados Unidos ultrapassou os US$ 50 mil pela primeira vez, de acordo com a Kelley Blue Book.
No Brasil, este valor médio já passou dos R$ 150 mil.
E boa parte desse salto vem das marcas de luxo, com a Porsche liderando a lista com valor médio de US$ 115 mil por veículo — cerca de R$ 570 mil (aqui, é pelo menos o dobro disso).
Ainda assim, o conceito de “luxo” no setor automotivo está mais difuso do que nunca.
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Em um mundo onde uma picape da Ford pode ultrapassar os US$ 114 mil e um Mercedes pode custar menos de US$ 45 mil, o preço já não é mais o principal critério para definir um carro de luxo.

Para entender o que, afinal, torna um carro verdadeiramente luxuoso em 2025, executivos de marcas como Bentley, Bugatti, BMW, Pagani e Rolls-Royce foram ouvidos pela reportagem da Bloomberg.
A conclusão é clara: luxo, hoje, é tempo, personalização e pertencimento.
Adrian van Hooydonk, diretor de design do BMW Group, resume bem: “Luxo é como lidamos com o seu tempo”.
A ideia é que o carro não seja apenas um meio de transporte, mas um ambiente onde cada minuto valha a pena — seja pela paz, pelo conforto ou pela tecnologia discreta.

Na Rolls-Royce, o foco está em tornar cada carro único para quem o compra. O modelo Phantom Syntopia, por exemplo, levou quatro anos para ser produzido.
Ele traz pintura com efeito de ondas líquidas, teto com mil pontos de fibra óptica e tecidos desenvolvidos por uma estilista de alta costura.
O modelo foi entregue em 2023 e nunca mais apareceu: foi direto para uma coleção privada.
Pagani segue o mesmo caminho. A marca italiana produz carros em volumes extremamente baixos e mantém contato direto com seus clientes.

“Falamos com eles o tempo todo”, afirma Christopher Pagani, filho do fundador. Para essas marcas, o relacionamento com o cliente é parte essencial da experiência de luxo.
E esse relacionamento vai além dos donos.
A Ferrari criou um modelo de desejo onde há mais fãs do que compradores, com longas listas de espera e produção limitada.
A Porsche também segue essa fórmula: alguns de seus modelos mais cobiçados são revendidos por até três vezes o valor original.

Frank-Steffen Walliser, CEO da Bentley, afirma que pertencer a esse universo exclusivo é parte fundamental do valor percebido.
Mesmo quem não possui um carro da marca pode admirar, colecionar itens relacionados ou simplesmente aspirar a entrar nesse círculo fechado.
No entanto, o luxo também está evoluindo tecnologicamente.
No BMW M850i, por exemplo, botões e alto-falantes ficam ocultos atrás de madeira ou tecido, só se revelando quando o usuário interage. A empresa chama isso de “shy tech” — tecnologia presente, mas nunca invasiva.
Marcas como Koenigsegg e Lucid, embora jovens, apostam em inovação extrema para compensar a falta de herança. A sueca Koenigsegg já atraiu uma base fiel com seus recordes de velocidade e engenharia radical.
Para os fabricantes tradicionais, porém, a história é um ativo valioso.
Aston Martin, Ferrari, Bentley, Mercedes-Benz, Bugatti e BMW carregam mais de 100 anos de legado — algo que startups ainda não conseguem replicar.
No fim das contas, luxo automotivo moderno vai além da potência, da fibra de carbono ou do preço do capô.
Ele reside na capacidade de contar histórias, criar desejo irracional e oferecer experiências únicas que conectem emocionalmente cada proprietário com seu carro — mesmo que mais ninguém veja.
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