Os airbags da marca Takata, já conhecidos por protagonizarem o maior recall da história automotiva, continuam a ser uma preocupação global. Estima-se que cerca de 100 milhões de veículos, de 19 fabricantes diferentes, foram afetados em diversos mercados.
No entanto, um caso recente no Brasil destacou que os problemas estão longe de serem resolvidos. Em abril deste ano, Cléber Moreira, um marceneiro, perdeu a vida após uma colisão de baixa velocidade em seu Honda Civic.
Inicialmente, a morte foi investigada como homicídio, mas a causa foi posteriormente atribuída a uma falha no airbag. E o produto era mais um da lista de airbags defeituosos da Takata.
Uma reportagem do programa Fantástico, exibida no último domingo (25), trouxe à tona outros incidentes semelhantes. Em 2022, no Ceará, um homem morreu em circunstâncias parecidas após um acidente de carro.
Em Belo Horizonte, no mesmo ano, um policial civil também foi vítima do sistema defeituoso durante um engavetamento. Ironicamente, o veículo da perícia que atendeu a ocorrência também estava entre os modelos que não passaram pelo recall dos airbags.
Até o momento, sete mortes foram oficialmente registradas no Brasil devido a esse defeito, mas o número real pode ser significativamente maior. Globalmente, são mais de 30 mortes confirmadas e 300 feridos, conforme dados da agência Reuters.
Entenda o caso
A investigação sobre as falhas nos airbags fabricados pela Takata teve início nos anos 2000, após um incidente envolvendo um veículo da Honda levar a montadora a exigir explicações da fabricante dos dispositivos de segurança.
No entanto, o primeiro recall só foi anunciado em 2008, e relatos de explosões continuaram surgindo até 2014. Foi apenas naquele ano que a Takata foi oficialmente responsabilizada por incidentes que afetaram diversas marcas e modelos.
No Brasil, a Honda foi a primeira a anunciar um recall relacionado a esses airbags em 2010. Mais de 5 milhões de veículos no mercado brasileiro foram identificados como afetados, mas apenas metade dos proprietários atendeu ao chamado para substituição.
Mas o que torna esses airbags tão perigosos? A Takata utiliza nitrato de amônio para inflar as bolsas de proteção durante um acidente. Com o passar dos anos, o calor e a umidade que entram em contato com o veículo aumentam o risco de explosão dessa substância. Além disso, as partes metálicas internas do equipamento sofrem corrosão.
O resultado é que, ao ser acionado, o airbag defeituoso se abre com uma força excessiva, projetando estilhaços metálicos a quase 320 km/h. Esses fragmentos são comparáveis a projéteis de arma de fogo, atingindo os ocupantes do veículo e causando ferimentos graves ou até fatais.
O meu carro está na lista?
Apesar das inúmeras campanhas promovidas para alertar sobre o recall gratuito, quase metade dos proprietários ainda não procurou uma concessionária para solucionar o problema.
Isso significa que cerca de 2,5 milhões de veículos continuam circulando pelas ruas brasileiras com airbags defeituosos.
Algumas marcas enfrentam desafios significativos para atrair seus clientes, mesmo com campanhas intensas. A Chevrolet, por exemplo, chegou a oferecer um incentivo de R$ 500 em combustível para que os proprietários levassem seus veículos a uma concessionária.
Para verificar se o seu veículo está envolvido no recall, é possível acessar o site da montadora e consultar todos os recalls disponíveis. Os fabricantes também têm a obrigação de notificar cada proprietário, permitindo que eles compareçam à concessionária para realizar o reparo necessário.
Além disso, o site da Secretaria Nacional de Trânsito (portalservicos.senatran.serpro.gov.br/#/veiculos/recall) oferece a opção de verificar a necessidade de recall digitando o número do chassi ou a placa do veículo.
É crucial estar atento ao adquirir um veículo usado. Seja no caso dos airbags da Takata ou de outros problemas, é sempre importante garantir que o modelo tenha passado por todos os recalls exigidos.
Modelos afetados
Q5 2.0 TFSI e SQ5 3.0 TFSI (2015)
125i, 320i (2012 e 2013), 328i, 520i, 528i, X1 sDrive20i, X1 xDrive20i, X1 xDrive 28i, X3 xDrive 20i, X3 xDrive 28i, Z4 sDrive 20i (2012 e 2013), 325Ci Coupé, 325i, 330Ci Cabrio, 330i, 525i, 530i, 540i, M3 Coupé, M5, X5 3.0i e X5 4.4i (2002 a 2006 e 2000 a 2003)
Chevrolet
Agile e Montana (2014 e 2015)
Fiat-Chrysler
Fiat Bravo (2010 a 2013), Fiat Uno (2010 a 2016), Fiat Palio (2012 a 2013), Fiat Siena (2012 a 2013), Fiat Grand Siena (2012 a 2013), Chrysler 300C (2006 a 2012), Ram 2500 (2004 a 2009), Jeep Wrangler (2007 a 2012), Jeep Renegade (2016)
Ranger (2005 a 2012)
Honda
Civic (2001 a 2004, 2004 a 2011, 2012 a 2015), CR-V (2002 e 2003, 2004 a 2011, 2012), Accord (2003 a 2007), Fit (2004 a 2012, 2009 a 2014, 2011 a 2012, 2013), City (2010 a 2014)
Pathfinder (2001 a 2004), March (2011 a 2014), New March (2014) e Versa (2012 a 2014), X-Trail (2005 a 2008), Sentra (2004 e 2005), Frontier (2007 a 2014), Livina, Grand Livina e X-Gear (2008 a 2014), Tiida Hatch e Sedan (2007 a 2011), Tiida Hatch e Sedan (2007 a 2012)
Toyota
Corolla (2002 a 2003, 2002 a 2008, 2007 a 2011, 2009 a 2011, 2014, 2015 a 2017), Hilux (2005, 2006 a 2011, 2015), SW4 (2005, 2006 a 2011, 2009 a 2011, 2015), RAV4 (2003 a 2005), Fielder (2004 a 2008), Etios (2015 a 2017), Lexus ES 350 (2006 a 2011)
Lancer Evo VIII (2004 a 2006), Lancer Evo IX (2006), L200 Triton (2007 a 2010), Pajero Full (2007 a 2017)
Mercedes-Benz
SL e SLK (2014)
Legacy (2005 a 2010), Outback (2004 a 2010), Tribeca (2008 a 2010), Forester (2008 a 2010), Impreza (2004 a 2010), WRX/WRX STI (2009 a 2010)
Tiguan (2015)
Sandero e Duster (2014)
O que aconteceu com a Takata?
Fundada em 1933, no Japão, a Takata rapidamente se destacou como uma das maiores fabricantes de airbags do mundo. Inicialmente, a empresa se tornou parceira de marcas locais como Honda e Toyota, mas depois expandiu seu forncecimento para praticamente todas as montadoras renomadas globalmente.
Após inúmeros incidentes envolvendo airbags defeituosos, a Takata enfrentou graves consequências. A empresa admitiu sua culpa e foi condenada a pagar uma multa de mais de US$ 1 bilhão nos Estados Unidos, onde o problema afetou mais de 20 milhões de veículos.
Diante da crise financeira e reputacional, a Takata declarou falência e, em 2018, foi adquirida por uma empresa concorrente, marcando o fim de uma era para o outrora gigante da indústria automotiva.
(Fonte: G1)
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