Os bastidores do império da CATL: como a chinesa virou um gigante global das baterias e ameaça até os EUA

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Na pacata cidade de Ningde, no sudeste da China, braços robóticos aplicam pasta eletroquímica em folhas metálicas finíssimas como quem passa geleia no pão.

Essa imagem, quase poética, esconde o coração da maior fábrica de baterias do mundo, comandada pela gigante chinesa CATL.

Com capacidade para produzir 60 gigawatts-hora por ano — o suficiente para abastecer 1 milhão de Teslas Model Y —, a planta é o símbolo da ascensão vertiginosa da CATL no mercado global de veículos elétricos.

Fundada por Yuqun “Robin” Zeng, um engenheiro que abandonou o setor público chinês nos anos 80, a CATL começou produzindo baterias para iPods e celulares, até conquistar contratos com Apple, BMW e, mais tarde, Tesla.

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Hoje, a empresa equipa mais de 1 em cada 3 EVs vendidos no planeta, fornecendo baterias para marcas como Ford, Honda, Mercedes-Benz, GM e até startups chinesas como a Xiaomi.

Em 2025, a empresa levantou R$ 28 bilhões em ações na bolsa de Hong Kong e transformou Zeng em um dos 30 homens mais ricos do mundo, com fortuna estimada em R$ 320 bilhões.

Mas o tamanho dessa potência também começa a mostrar seus limites.

A demanda por EVs na China desacelerou, e o país caminha para uma superprodução de baterias, o que pressiona preços e margens.

A CATL responde com uma estratégia de internacionalização agressiva: fábricas na Alemanha, Hungria, Indonésia e uma joint venture com a Stellantis na Espanha.

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A primeira planta europeia, em Erfurt, sofreu com barreiras culturais, burocráticas e custos altos — mas serviu de lição.

Na nova unidade na Hungria, um investimento de R$ 45 bilhões, a empresa promete mais flexibilidade e adaptação às exigências locais.

Zeng sabe que precisa vender mais baterias em mais mercados — e rápido.

Nos EUA, porém, a CATL enfrenta resistência política e sanções, incluindo proibição de contratos com o governo federal e investigações sobre seus laços com o Partido Comunista Chinês.

Mesmo assim, marcas como GM e Tesla continuam usando sua tecnologia em modelos produzidos na China e exportados.

A GM chegou a anunciar a compra de baterias CATL para seus EVs mais baratos nos EUA, mesmo com tarifas e sem o benefício do crédito fiscal federal.

Já Ford e Stellantis licenciam a tecnologia da CATL para uso em fábricas próprias nos EUA.

Enquanto isso, a CATL aposta forte nos países emergentes, especialmente na Indonésia, onde está construindo um complexo para explorar níquel e produzir baterias a custo reduzido.

O projeto vai abastecer não apenas o mercado local, mas também exportar para outras fábricas da empresa no mundo.

A estratégia é clara: produzir baterias com menor custo fora da China, contornar barreiras comerciais e manter o domínio global mesmo diante do cerco ocidental.

Zeng também investe em novas tecnologias, como baterias de estado sólido e um sistema de troca rápida chamado “Choco-Swap”, que pode substituir baterias descarregadas em minutos.

Apesar do entusiasmo, esse modelo enfrenta desafios logísticos e técnicos, e ainda tem apelo restrito a frotas e motoristas de aplicativo.

A escala da CATL é tão grande que nem mesmo um sucesso absoluto com essa ideia mudaria seu rumo financeiro no curto prazo.

O maior trunfo da empresa, segundo analistas, não está em avanços químicos revolucionários, mas na eficiência de produção em larga escala.

Enquanto rivais como LG, Panasonic e Toyota investem em fábricas nos EUA, muitos já reconhecem que não conseguirão competir no preço.

Com ou sem sanções, o mundo — e talvez até os EUA — pode não ter escolha a longo prazo: se quiserem carros elétricos acessíveis, vão precisar da CATL.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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