Depois de um fim abrupto nas negociações de fusão, Honda e Nissan voltaram a se falar – e agora, com um novo cenário que pode tornar essa aproximação inevitável.
A mudança na presidência da Nissan, aliada à crise provocada pelas tarifas dos Estados Unidos sobre veículos e peças importadas, reaqueceu o interesse de ambas em buscar uma colaboração mais estreita.
A primeira tentativa de fusão naufragou quando a Honda sugeriu que a Nissan se tornasse uma subsidiária, proposta que foi prontamente rejeitada.
Na época, a Honda também demonstrou pouca fé na capacidade da rival em cortar custos e se reestruturar.
Mas o novo presidente da Nissan, Ivan Espinosa, chegou com o machado em mãos: fechou sete fábricas e anunciou o corte de quase 20 mil postos de trabalho.
A movimentação parece ter mudado a percepção da Honda.
Além disso, o agravamento das tarifas dos EUA para automóveis japoneses se tornou um fator crítico.
As montadoras nipônicas dependem fortemente da produção no Japão para abastecer o mercado norte-americano, e a nova política comercial de Washington criou um ambiente hostil.
A necessidade de contornar essas barreiras pode ser o empurrão que faltava para uma aliança.
Em recente teleconferência de resultados, Espinosa foi claro: a Nissan está aberta a parcerias no mercado americano e considera a Honda uma das candidatas.
O presidente da Honda, Toshihiro Mibe, embora tenha descartado um acordo imediato, admitiu que colaborações futuras estão sobre a mesa e que o objetivo é recuperar a competitividade global.
Ainda não há detalhes sobre o formato dessa possível colaboração. Pode ir desde compartilhamento de fábricas nos Estados Unidos até unificação de fornecedores e componentes, passando por ações conjuntas de lobby para pressionar o governo americano a rever as tarifas.
Com lucros em queda para ambos os lados e um mercado cada vez mais pressionado por novas tecnologias, regulamentações e concorrência chinesa, a lógica de “cada um por si” parece estar cedendo espaço para uma estratégia de sobrevivência em conjunto.
Se o namoro não virar casamento, ao menos pode render uma sólida sociedade de conveniência.
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