
Renault e Nissan estão mais uma vez sentadas à mesa para repensar a parceria que mantêm há mais de duas décadas — agora impulsionadas por uma crise financeira na montadora japonesa e mudanças recentes nas lideranças de ambas as empresas.
A relação, abalada desde a prisão de Carlos Ghosn em 2018, ganhou um novo capítulo com a saída do ex-CEO da Renault, Luca de Meo, que pretendia reduzir a participação acionária da marca francesa na Nissan.
Segundo fontes próximas às negociações, o novo comando na Renault abriu espaço para rediscutir os termos da aliança, que vinha sendo gradualmente desmontada desde 2023.
Na época, a Renault havia anunciado a intenção de reduzir sua participação na Nissan de 43% para apenas 10%, colocando parte das ações — cerca de 18,7% — em um fundo fiduciário francês com o objetivo de vendê-las futuramente.
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No entanto, com a queda acentuada das ações da Nissan — uma desvalorização de 25% no último ano — e a dificuldade em obter um prêmio atrativo nas vendas, a estratégia gerou prejuízo: a Renault foi obrigada a reconhecer uma perda contábil de €9,5 bilhões em sua participação.
Com a saída de De Meo para comandar o grupo de luxo Kering, o novo CEO da Renault, François Provost, passa a reavaliar os rumos da aliança e demonstra uma postura mais favorável à cooperação.
Durante um evento em Paris neste mês, Provost defendeu que parcerias são fundamentais para que a Renault ganhe escala diante de concorrentes europeus como Stellantis e Mercedes-Benz.
“Vinte anos com a Nissan nos ensinaram não só a negociar parcerias, mas a executá-las de forma vantajosa”, afirmou.

A aliança, que já foi considerada uma das mais fortes da indústria automotiva global, havia sido abalada por disputas internas e desconfianças mútuas.
Agora, o cenário se mostra mais propício à reaproximação, com Provost sendo descrito por fontes como “um homem das parcerias”.
Na prática, as conversas envolvem novas áreas de cooperação, como produção compartilhada, desenvolvimento conjunto de modelos e expansão geográfica, especialmente em mercados onde a Renault tem pouca presença, como os Estados Unidos.
Um exemplo recente foi o anúncio de que a Renault assumirá totalmente o controle da joint venture com a Nissan na Índia, fortalecendo sua presença no país enquanto ajuda financeiramente a parceira japonesa.
Por outro lado, a Nissan utilizará a plataforma elétrica do novo Renault Twingo para produzir seu próprio modelo no norte da França. A parceria com a Mitsubishi Motors, ainda ativa, também integra o esforço de racionalização entre os três grupos.
A Nissan, pressionada por uma reestruturação interna que inclui fechamento de fábricas e corte de 20 mil empregos, também busca novas formas de cooperação, inclusive com outras montadoras como a Honda.
Embora uma proposta de fusão entre Nissan e Honda tenha sido rejeitada pela Renault no início do ano — em parte pela ausência de prêmio financeiro —, o interesse por projetos conjuntos no mercado norte-americano segue em pauta.
Fontes ligadas às empresas afirmam que mais anúncios de cooperação devem ser feitos em breve, com foco em projetos de alto valor estratégico.
Apesar de a retomada de uma participação acionária mais robusta não estar no radar, executivos dos dois lados ressaltam que há inúmeras formas de estreitar os laços sem depender de capital.
Após anos de tensão e distanciamento, a histórica aliança Renault-Nissan pode estar entrando em uma nova fase, mais pragmática e baseada em interesses industriais mútuos.
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