A crise da Nissan atingiu um novo ponto crítico — e a ajuda pode vir de onde poucos esperavam.
Após o colapso das negociações de fusão com a Honda no início de 2024, a montadora japonesa agora pode encontrar um novo caminho de sobrevivência com a gigante Toyota, segundo informações reveladas pela Automotive News.
Em fevereiro deste ano, Nissan e Honda haviam surpreendido o setor ao anunciar que estudariam uma possível fusão. O acordo, no entanto, não durou muito.
Divergências profundas sobre controle administrativo levaram ao fim precoce das conversas.
A Honda não quis abrir mão do poder de decisão, e a Nissan, apesar de sua fragilidade, exigia mais protagonismo.
O resultado? Fim das negociações, queda do então CEO Makoto Uchida e uma empresa mergulhada em incertezas.
Assumindo o comando em 1º de abril, Ivan Espinosa iniciou uma reformulação radical para evitar o colapso da montadora. Seu plano incluiu o fechamento de sete das 17 fábricas da empresa ao redor do mundo, corte de mais de 20 mil empregos e uma revisão completa na estratégia global.
Ele também passou a depender mais das alianças já existentes com Renault e Mitsubishi para manter a oferta de novos modelos.
Mas nem mesmo essa movimentação parece ser suficiente. Diante da pressão por sobrevivência, a Nissan agora avalia novas parcerias — e uma das possibilidades mais surpreendentes é justamente a Toyota, líder isolada no mercado global.
Segundo fontes da Automotive News, um executivo da Toyota procurou a Nissan para oferecer apoio após o fim do acordo com a Honda.
Embora nenhuma das empresas tenha confirmado oficialmente qualquer tipo de negociação, a possibilidade faz sentido dentro do histórico da Toyota.
A montadora já tem participações minoritárias em Subaru, Mazda, Suzuki e Isuzu, além de controle total sobre a Daihatsu e 50,1% da Hino, consolidando um império industrial discreto, porém estratégico.
Espinosa, por sua vez, afirmou estar aberto a diferentes formatos de parceria — de investimentos de capital a integrações ou até mesmo a criação de novas unidades independentes.
O objetivo, segundo ele, é encontrar um parceiro que agregue valor corporativo à Nissan, principalmente nos mercados estratégicos como EUA e Japão, e que compartilhe tecnologias avançadas.
A movimentação evidencia a fase delicada da Nissan, que busca equilíbrio entre manter sua independência e não desaparecer na avalanche de mudanças que assola a indústria automotiva global.
Uma nova fusão com a Honda, segundo Espinosa, não está completamente descartada — mas parece improvável. A realidade aponta para um caminho mais pragmático: alinhar-se com o maior player do setor.
Se a Toyota decidir mesmo colocar a Nissan sob sua asa, pode redesenhar o equilíbrio de forças na indústria japonesa — e transformar uma relação histórica de concorrência em mais um elo da crescente rede de influência da marca das três elipses.
E, quem diria, a salvação da Nissan pode vir justamente das mãos de quem, por anos, foi sua rival mais temida.
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!