A relação entre a fabricante de baterias CATL e a Tesla pode ser descrita como uma mistura de rivalidade amigável e desacordos comerciais.
Robin Zeng, fundador e presidente da CATL, deixou claro o que pensa sobre a habilidade de Elon Musk em fabricar baterias. “Ele não sabe fazer baterias”, afirmou Zeng em entrevista à Reuters, referindo-se especificamente ao design da célula cilíndrica 4680 da Tesla.
A 4680, apresentada com grande entusiasmo por Musk em 2020, prometia revolucionar o mercado. Musk afirmou que ela seria 10 a 20% mais barata de produzir e teria uma capacidade cinco vezes maior.
Contudo, apesar de existir e ser usada no Cybertruck e em algumas variantes do Model Y, a 4680 ainda enfrenta desafios de produção e falhas técnicas, minando parte de sua promessa inicial.
Zeng disse a Musk, em um debate acalorado, que a 4680 “vai fracassar e nunca terá sucesso”. Apesar da provocação, Musk teria permanecido em silêncio. “Ele entende de chips, software, hardware e mecânica, mas baterias são sobre eletroquímica”, explicou Zeng.
Promessas ousadas e prazos irreais
Zeng também questionou Musk sobre sua tendência a “prometer demais” e estabelecer cronogramas irreais.
Musk justificou sua abordagem como uma estratégia de motivação para seus funcionários, admitindo que objetivos mais longos que dois anos são vistos como “infinidade”.
Zeng, no entanto, alertou que acreditar nesses prazos pode levar a “grandes problemas”.
Essa tendência de Musk já gerou críticas anteriormente, com prazos irrealistas para produtos como o Tesla Roadster e o robotáxi Cybercab, que agora depende de uma nova versão da 4680 prometida para 2026.
Problemas na produção da 4680
Apesar de estar em produção, a 4680 enfrenta desafios significativos.
De acordo com um relatório do The Information, a Tesla perde entre 70 e 80% dos cátodos na fase de teste de produção, enquanto fabricantes convencionais perdem menos de 2% devido a defeitos.
Além disso, a bateria tem problemas estruturais, como colapsar durante o uso, o que já resultou em recalls no Cybertruck.
Enquanto Musk pressiona seus engenheiros para reduzir custos e aumentar a produção, uma nova versão da 4680 com revestimento seco está prevista para 2025. Essa tecnologia é esperada para uso em futuros modelos da Tesla, incluindo o controverso Cybercab.
A complexa parceria CATL-Tesla
Apesar das divergências, a Tesla continua a depender da CATL para fornecer baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP) para seus veículos destinados ao mercado chinês.
A CATL também tem acordos semelhantes com a Ford, abastecendo o Mustang Mach-E e a F-150 Lightning.
Embora as críticas de Zeng evidenciem as tensões entre as duas empresas, elas também refletem a dinâmica de um setor competitivo onde inovação, prazos ambiciosos e desafios técnicos frequentemente colidem.
Resta saber se a Tesla conseguirá cumprir suas promessas ou se continuará navegando por águas turbulentas no mundo das baterias.
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