Quatro anos após o governador da Califórnia, Gavin Newsom, decretar que todos os veículos vendidos no estado deveriam ser zero emissões até 2035, o cenário de transição para veículos elétricos (EVs) ainda enfrenta desafios consideráveis.

Embora as vendas de EVs tenham mostrado sinais de declínio, o número de pontos de recarga está aumentando, mas permanece aquém do necessário. Além disso, crescem as preocupações sobre a capacidade da rede elétrica do estado em atender à demanda futura.

Apesar desses obstáculos, várias cidades e organizações estão liderando o exemplo na adoção de veículos elétricos. Los Angeles comprometeu-se a converter sua frota de 10 mil veículos para elétricos, enquanto São Francisco iniciou a substituição de ônibus a gasolina por elétricos.

Um exemplo que ganhou destaque na mídia foi o departamento de polícia de South Pasadena, que adotou uma frota inteiramente composta por veículos Tesla, tornando-se a primeira força policial totalmente elétrica dos EUA.

A escolha da Tesla, líder no mercado de veículos elétricos, é natural para muitas frotas, principalmente por sua rede de recarga Supercharger, amplamente disponível na Califórnia.

No entanto, para algumas forças policiais que exigem alta durabilidade de seus veículos, essa transição não tem sido tão simples. Chefes de polícia de várias cidades do norte da Califórnia, como Ukiah e Menlo Park, expressaram preocupações quanto à adequação dos Teslas para o trabalho policial diário, conforme revelado pelas mesmas, ao site SFGate.

O chefe da polícia de Ukiah, Cedric Crook, relatou que, apesar de ter incorporado dois Teslas à sua frota, eles serão usados apenas para funções administrativas, e não em patrulhas.

Entre os motivos estão a demora nas modificações necessárias para transformar o veículo em um carro de patrulha e o tamanho limitado dos modelos, que não permitem o transporte confortável de suspeitos.

Além disso, Crook destacou que a ausência de um bloco de motor nos veículos elétricos dificulta o uso do carro como cobertura em situações de tiroteio, algo essencial no treinamento policial.

De maneira semelhante, em Menlo Park, um estudo piloto conduzido com três Teslas Model Y revelou que, embora os policiais tenham elogiado a aceleração e o desempenho, o espaço interno reduzido, os recursos inteligentes e a baixa altura do veículo limitaram sua funcionalidade em cenários de patrulha.

As modificações necessárias também agravaram a falta de espaço, tornando o uso do veículo desconfortável para policiais com todo o equipamento necessário.

Por outro lado, o chefe da polícia de Fort Bragg, Neil Cervenka, encontrou uma solução mais viável ao optar por caminhonetes Ford F-150 Lightning, versão elétrica do modelo tradicionalmente usado por várias forças policiais.

Cervenka destacou a versatilidade do veículo, que oferece mais espaço e facilidade de adaptação para as necessidades policiais, além de ser uma opção mais econômica graças a incentivos e subsídios.

Ele também apontou que a facilidade de manutenção da picape Ford, amplamente conhecida e utilizada, garante uma transição mais fluida para o uso de EVs.

Essas experiências destacam que, embora a adoção de veículos elétricos seja inevitável e necessária para cumprir as metas ambientais, a transição no setor policial ainda exige soluções que levem em consideração as especificidades do trabalho.