Carros 16V são ruins? Tem reputação ruim? (3 motivos)

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Carros com motores 16V são ruins?

Este tipo de motor começou a existir no Brasil nos anos 90, quando a importação de veículos – liberada após 14 anos de proibição – fez entrar no país não só novos produtos, mas também tecnologias que não eram aplicadas por aqui.

Num ambiente que ficou preso no tempo desde os anos 70, esse tipo de tecnologia passou a representar a vanguarda, mas não havia aqui uma cultura automotiva evoluída como no mercado exterior.

Assim, a recepção dos motores de 16V, que davam importância maior os carros que os ostentavam, devido exatamente estarem à frente de seu tempo (no Brasil), foi positiva no início, por estar associados aos carros importados.

Mas, apesar de um motor 16V não ter nada específico que o faça ser ruim, três coisas fizeram com que eles acabassem tendo uma má reputação no Brasil:

  1. Manutenção mais complicada;
  2. Desempenho fraco em baixas rotações;
  3. Revenda mais difícil.

O “admirável novo mundo” automotivo, numa realidade brasileira, acabou por gerar muitos mitos e algumas verdades. Muitos não estavam preparados para uma mudança tão radical em poucos anos, e isso inclui proprietários, mecânicos e até mesmo as próprias montadoras.

As fabricantes esqueceram que o mercado não estava igualmente em sintonia com tantas mudanças, tendo posteriormente que jogar tudo o que tinham construído literalmente no lixo.

manutenção 1

Motor 16V é ruim?

A resposta é simples: não, pois não existe nada específico neste tipo de motor que o faça ser ruim. O problema foi que no Brasil eles não encontraram um mercado muito receptivo.

E isso começa pela sua manutenção, com vamos falar agora.

Manutenção dos motores 16V

No passado, o consumidor brasileiro ainda estava engessado pelas políticas anteriores do setor automotivo e por uma garantia limitada, que só incentivava a manutenção fora da rede.

Isso acabou pegando muitos de surpresa com as chamadas quebras de correia e o alto custo de reparação dos motores 16V.

Naquela época, boa parte dos proprietários de carros novos contava o tempo para que os 365 dias do período de garantia acabassem. Pode parecer estranho, mas isso os permitia sair das mãos da concessionária e voltar para o mecânico amigo, que era conhecido e mais barato.

Porém, esse “amigo” muitas vezes estava desatualizado em relação aos novos motores e fazia a troca da correia conforme imaginava que devia ser feito, sem ter certeza de que aquele era o melhor procedimento.

O resultado, como você já deve imaginar, eram motores fora de ponto e outros danos catastróficos para os proprietários.

Hoje a situação mudou por conta da especialização de muitos profissionais terceirizados. Existe até um compartilhamento técnico entre montadoras e oficinas particulares no que diz respeito à reparação, algo impensável num passado recente.

Esses profissionais adquiriram ferramental e sistemas eletrônicos para a correta manutenção dos motores 16V, e também de outros tipos. É a lei de mercado: quem não se atualiza, fica para trás e fecha as portas.

É verdade que o custo de reparação é mais alto nesse tipo de motor, afinal, ele usa o dobro de válvulas e polias no cabeçote, esticadores e outros componentes, que naturalmente custarão mais do que um equivalente de 8V mais simples.

Porém, vale lembrar que o custo de manutenção em si está no mesmo nível nos dois tipos de motor e, por conta da garantia três vezes maior que o praticado há alguns anos, muitos consumidores acabaram migrando obrigatoriamente para a rede autorizada, o que ajudou a reduzir a manutenção corretiva.

Desempenho de um motor 16V

Outro ponto que desagradou muita gente no motor 16V era o fraco desempenho. Não que fosse tão fraco em si, mas havia essa impressão por conta de sua característica técnica.

Um motor desse tipo tem maior vazão de mistura ar-combustível e, em baixa rotação, isso tende a retardar a resposta do propulsor ao acelerador.

Nas saídas, o brasileiro está acostumado com essa força extra, garantida pelo motor 8V, que por ter uma vazão de ar-combustível melhor em baixa, consegue mais torque nessa situação. Tudo isso proporciona respostas mais espertas ao pedido do motorista.

Sem comandos de válvulas variáveis, muitos motores 16V não compensavam parte dessa diferença e por isso muita gente optou por não ter um carro com essa motorização.

honda vtec

Em rotações mais altas, porém, a situação se inverte, com os propulsores 16V assumindo a ponta por terem uma capacidade maior de queimar o volume de ar-combustível. Assim, se o 8V respira melhor em baixa, perde o fôlego em alta, enquanto o 16V faz o contrário.

Tecnologias como a VTEC da Honda, por exemplo, permitem que as válvulas abram menos em baixa rotação para buscar força nas saídas, compensando em alta com abertura maior.

Mas e na hora de vender um carro 16V?

Mercado dos 16V

Quando os carros com motor 16V começaram a dar problemas, rapidamente surgiu uma rejeição no mercado, tanto de novos quanto de usados. Assim, carros mais baratos, em especial 1.0, começaram a ter revenda ruim, pois os consumidores temiam a famosa “quebra de correia”.

Muitos modelos se tornaram micos no mercado. Porém, atualmente a coisa mudou. Carros como Honda Civic e Toyota Corolla (ambos com 16V) alteraram a visão do mercado e foram bem-sucedidos nas vendas.

Isso logo se espalhou também para os carros mais baratos e hoje não há problemas em vender um carro com motor 16V.

Conclusão

Resumindo, não podemos tachar um motor 16V como sendo sempre ruim. Cada propulsor tem características próprias, cabendo ao consumidor escolher aquilo que atende às suas necessidades ou gosto pessoal.

Lembre-se também que, assim como as montadoras atualizaram seu portfólio e estenderam a garantia, as oficinas terceirizadas “aprenderam” a trabalhar com motores desse tipo.

Ou seja, não tenha medo com possíveis problemas crônicos, pois hoje eles são resolvidos com mais facilidade.

E você, o que acha dos motores 16V?

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X