Precisa trocar óleo do câmbio automático, se o manual diz “não”?

cambio automatico

Provavelmente você já ouviu dizer que câmbio automático não dá manutenção (em relação ao câmbio manual em que você precisará trocar o conjunto de embreagem), que basta obedecer à risca o que o manual diz (alguns modelos dizem que não é necessário trocar o óleo da transmissão automática) e que você será muito feliz.

Sim, certamente, você tem eficiência, conforto e será feliz até acontecer o primeiro problema, que comentarei nos próximos parágrafos.

Quais são os problemas mais comuns em câmbio manual? Embreagem que desgasta e você terá de trocar!

Em veículos populares e com motor de baixa litragem (entenda 1.0 até 1.6), uma troca deste conjunto pode custar por volta dos mil reais pra menos, falando de peça e mão de obra. Já os motores maiores (1.8; 2.0) costumam elevar este valor para o teto dos R$ 2 mil pra baixo, sempre mão de obra e peça.

Agora, quando você tem um problema na transmissão automática, o valor pode custar a tabela Fipe do seu veículo ou mais. E é aí onde você quebra a cara.

O manual muitas vezes diz que não precisa trocar o óleo do câmbio automático

Troca óleo câmbio automático, o que 12 marcas pedem

Bom, vamos ao que interessa, vamos ao “x” da questão: vários manuais de fabricantes dizem que não é necessária a troca, que este óleo dura para sempre… (aham…). Enfim, vamos aos fatos: eu já vi no manual escrito para verificar o óleo. Me explica aqui nos comentários, qual o seu entendimento disso? Como é que o profissional reparador irá verificar o óleo? Pela cor?

Venha comigo neste exemplo: você gosta de pastel? Talvez possa não gostar de pastel, mas vamos supor que sim! Você vai à pastelaria e compra um pastel. Você prefere o pastel que está lá há algumas horas “descansando” ou um pastel frito na hora? Acredito que 99,99% das respostas serão que preferem pastel frito na hora.

Agora, você comeria em uma pastelaria caso visse que o óleo da fritura está com a cor escura? Duvido muito, se você tem bom senso, você sairia correndo e nunca mais voltaria lá.

É óbvio que todos preferem o óleo claro, geralmente é o óleo do mesmo dia que está lá fritando por horas e horas em alta quantidade (ainda assim há limite de tempo e quantidade, mas não vou aprofundar nisso).

Ah, mas o que tem a ver pastel com transmissão automática?

Continue aqui com meu raciocínio: vá agora olhar no seu manual (caso não tenha, tem na internet, nos fóruns…), vá na seção de manutenção, você verá a seguinte descrição para a troca do óleo do motor: “a troca do óleo do motor deve ser feita a cada “x” kms ou “y” tempo, o que ocorrer primeiro.

Veja sobre o fluido do freio: geralmente a troca é a cada 2 anos ou por “x” kms, o que ocorrer primeiro. Assim será para o líquido de arrefecimento, etc.

Óleo de câmbio automático tem sim validade

O que eu quero te dizer e abrir seus olhos é o seguinte: até a água tem validade. Sim, olhe na garrafa de água que você compra, tem data de validade. Ou seja, todo fluido (água, óleo, etc.) tem validade.

Continue comigo: ah, mas eu tenho o carro “x”, meu amigo tem o carro “y” e nunca trocamos o óleo dessa transmissão, o carro já tem “x” kms rodados e nunca deu manutenção.

Ok! Como é a condução deste veículo? Eu percorri nos fóruns e aqui mesmo nos comentários do Notícias Automotivas sobre este assunto, e vi a maioria dos relatos de quem não teve problemas, são veículos que rodam bastante. Fato, quando você está com o veículo rodando muito, é igual ao óleo da pastelaria que está na temperatura ideal de trabalho, entende?

Eu não sou engenheiro, nem químico, mas saiu uma reportagem no canal da “Plim Plim” onde mostrou o que ocorre com o líquido quando é submetido a alta temperatura, esfria e repete este ciclo ao longo do tempo. Este fluido perde a sua capacidade de lubrificação.

Ainda não está convencido? Então, vamos para mais um argumento: um carro com uns 40 mil km, por exemplo, versus outro com 100 mil km. Leve para fazer a troca com a máquina por diálise (ou tira uma amostra mesmo) que você verá a olho a diferença de cor dos fluidos. Mas por que isso ocorre?

Toda transmissão automática, mesmo sendo selada (ou seja, não tem entrada de ar como o fluido de freio e nem pode ser contaminada pelo combustível como o óleo do motor), sofre com os resíduos dos atritos das peças da transmissão, mesmo a CVT que é acionada por correia. E aí? Ainda está com o manual do seu veículo?

Uso severo do veículo

Sabe o que essas impurezas fazem com um veículo que é usado em condições de uso severo? Antes de continuar, você sabe o que é condição de uso severo? A maioria tem entendimento errado sobre isso, e no manual é muito claro essa informação: são veículos que trafegam em engarrafamentos ou que circulam em trajetos curtos (fazendo com que os fluidos não atinjam a temperatura correta de trabalho).

O que isso significa? Significa que se você usa seu veículo em condições severas, você tem grandes chances de ter problemas na sua transmissão automática caso não faça a troca do fluido.

Veja bem, eu não estou aqui, neste artigo, querendo que você vá para a oficina garantir o faturamento do reparador para trocar o óleo da transmissão.

Estou apenas passando uma informação do meu convívio, pois estou nesta área desde 2003 e tenho formação técnica nessa área. Contra fatos não há argumentos, certo? Vários posts em fóruns relatam problemas em transmissões automáticas.

Vou citar alguns exemplos: um veículo, pouco rodado, mais precisamente com seus 10 anos de fabricação em 60 mil km, teve problemas por conta das impurezas, que quando o veículo está parado, acumulam no cárter, e ao dar partida essa fuligem toda entra onde não deveria entrar.

Custo do reparo, de R$ 10 mil a R$ 20 mil com troca de peças internas, ou troca por outra transmissão. Ah, mas eu consigo uma transmissão usada por menos de R$ 10 mil… consigo por R$ 5 mil… ok, ainda é mais caro que trocar um conjunto de embreagem.

Um caso chocante

Outro fato que presenciei: um veículo de uma marca que no manual diz que não precisa trocar o óleo da transmissão. Sabe o que ocorreu? Esse relato vai te chocar!

Este veículo em questão é de um único proprietário e nunca havia feito a troca do óleo da transmissão. O veículo tem 10 anos e cerca de 90 mil km rodados e apresentou problema na transmissão.

Esse câmbio que deu problema não tem no mercado de usados, é raro, não tem kit de reparação e um novo custa mais do que o carro. O problema? O fluido dissolvia a junta de vedação da solenoide e entupiu a passagem do fluido!

Precisa de mais motivos? Esse acontecimento foi filmado. Felizmente teve reparo! Mas poderia ter sido evitado com uma troca de óleo da transmissão, que custa cerca de R$ 800 e menos de R$ 2 mil, dependendo do veículo. Use óleo de qualidade (para as transmissões comuns com conversor de torque, use óleo sintético e especificação ATF VI).

P.S.: Um cliente meu estava comprando um veículo importado e a agência disse que trocaria o óleo da transmissão do carro dele. Eles vieram com um filtro de óleo paralelo e com óleo mineral. Recusamos imediatamente!

Conclusão

Há muito ainda para discorrer sobre este assunto. Eu apenas quis elucidar e defender a tese na visão do reparador automotivo sobre a importância da troca do óleo da transmissão automática.

Ah, ia esquecendo, o óleo dos amortecedores também tem validade. Tenho um vídeo fazendo o teste de um amortecedor original em um veículo com 10 anos e cerca de 100 mil km. Mesmo que não esteja com vazamento, não quer dizer que está bom, eles já estavam completamente sem ação devido ao desgaste do fluido.

Portanto, tire suas próprias conclusões, pois seu próximo carro, caso ainda não tenha transmissão automática, será por livre e espontânea pressão. Já que restam poucos modelos vendidos com câmbio manual, e esses que são manuais são as versões de entrada.

Essa foi minha experiência. Conte a sua! Comentem!

Por Rafael Andrade

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.