Carro da semana, opinião de dono: Celta Energy 1.4

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Estou aqui para mostrar as minhas impressões sobre um dos meus carros, o Celta Energy 1.4 2004. Comprado por mim há mais de dois anos, se trata de um carro com uns bons anos de vida e mostra virtudes e pequenas rugas da idade.

Comprei o Celta 1.4 em março de 2010 com 57.000 km rodados de um amigo e já o conhecia, mas não o reparava. Me parecia um Celta como qualquer outro.

A ideia inicial era o de segundo carro da família, onde atenderia as demandas urbanas e aprimorava os hábitos de minha mulher no volante, por se tratar de um carro pequeno e de manutenção barata.

Pouco rodado e de segundo dono, decidi por ele fácil, pois quanto mais velho o carro, mais difícil de encontrar em bom estado no mercado de usados.

E a procedência foi um fator determinante para que eu fechasse o negócio. O fato de este ser um exemplar raro entre os Chevrolet Celtas – motor 1.4 – me chamou a atenção.

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Ao conviver inicialmente com o mesmo, notei a vantagem deste motor do Celta 1.4, pois o desempenho é bem melhor que o de outros celtas 1.0 – MPFI e VHC – que dirigi.

Ele possui também relações de marcha mais longas que os 1.0, deixando a condução mais prazerosa e com os giros mais baixos que os outros.

Através deste Celta 1.4 pude confirmar a boa fama dele no mercado de usados, pois a procura é alta e a desvalorização é baixa.

Pude comprovar alguns detalhes que justificam este fato:

Manutenção: Comparado a outros carros de amigos e até uns que tive, as peças do Celta 1.4 são mais em conta e o mercado paralelo oferece muitas peças e em marcas de referência, o que deixa o consumidor mais tranquilo e com os custos dentro do orçado – pois quem compra popular usado quer economizar.

Facilidade de revenda: não foram poucas as propostas que achei e acho para comprarem o Celta 1.4. Parado em sinaleiras, fazendo manutenção, abastecendo… enfim, para quem tem procura, a revenda está garantida. E índices de desvalorização dos institutos comprovam este fato em suas pesquisas.

Carro de ocasião: Para muitos destes futuros compradores, carros populares como este são procurados devido às demandas bem diversas e bastante ocorrentes, como:

Primeiro carro: Em sua maioria, tem que ser barato e bom de consertar, devido alguns consumidores não entenderem muito de carro e darem umas “porradas” até ficarem bons no trato (ou não…). Então, se investir pouco inicialmente, não vai perder tanto depois. E na ocorrência de um defeito ou acidente, os gastos não assustam o marinheiro de primeira viagem.

Jogadas financeiras: É para quando o cara vai comprar um imóvel, saldar uma dívida, abrir um negócio… então ele vende aquele “carrão” mais caro e parte para um que custe menos para ele manter e depois, quando a vida melhorar, ele compra outro “carrão” de novo. Ou até compra sem vender o carrinho…

Economia: tem gente que não quer gastar nada a mais para se locomover. Então ele somente quer um “meio de condução” de quatro rodas – e só. Contabiliza impostos, custos do carro como pneus, peças, combustível e seguro na ponta do lápis, além da depreciação. Então, ele vai cair nesta categoria.

Carro de trabalho: A empresa dá aquela “verba” mensal para o cara se deslocar a serviço e ele viu que dá para ele equilibrar o seu carro particular sendo carro de trabalho. Então, ele precisa de um carro barato, econômico, robusto e fácil de consertar (vai que ele ande muito em cidades mais afastadas dos centros urbanos, sem muitas opções de serviços: os mecânicos que ele encontrar provavelmente vão saber consertar os mais populares). Então, este carro se enquadra no perfil.

Carro de universitário: Em sua maioria, meio de condução e de passeio em suas horas vagas. Boa parte dos universitários de carro são ajudados pelos pais na aquisição e manutenção do veículo, que ajuda bastante a vida do estudante (já passei por isso, mas comprei com economias e arcava sozinho…). E aquela bolsa de estágio não ajuda, então tem que custar pouco por mês mesmo.

Rodízio: Em capitais que possuem este esquema, o cara não quer abrir mão de ir ao trabalho de carro. Então ele procura um mais barato e com o final da placa diferente do seu para que ele possa estar sempre com um carro habilitado para rodar. Então, não precisa ser muito caro.

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Vou apresentar agora as impressões por tópicos os quais avaliamos os nossos carros e os outros do mercado. Somente lembrando: estou avaliando ele comparando com o segmento da época e algumas citações ainda seguem atuais.

Preço de compra do Celta 1.4

Por se tratar de um usado, achei o Celta 1.4 realmente caro quando comparado com outros populares e até alguns carros de outras categorias.

Paguei na época R$ 16.000 nele, com 4 portas, equipado com ar-condicionado, vidros e travas elétricas, alarme, som e rodas de liga leve.

Por estar conservado, pouco rodado e priorizar aspectos relativos a custos e facilidade de revenda, optei por ele mesmo, além de ser uma raridade por se tratar de ser 1.4 e ser a versão Energy, que inclui os itens dos Celta Super (acabamento melhorado, limpador e lavador traseiro, para-brisa degradê).

Design

Bom, gosto muito da frente do Celta 1.4 lembrando o Vectra 97. Muito bem resolvida, em cunha, favorecendo a aerodinâmica e a harmonia das linhas.

As laterais não impressionam, mas tentam mostrar um pouco de ousadia nas sinuosidades do para-lama e da lateral traseira acima da roda.

Gostaria se ele tivesse uma janelinha na coluna C, como tem no Corsa, mas este foi concebido para ser barato… A traseira é sem graça, elaborada para ser econômica mesmo.

Tem uns kits aerodinâmicos que melhoram o visual, mas o melhor mesmo é o original GM da época, senão pode virar “tuning” de mau gosto.

Interior

Aquilo que muita gente já sabe: o Celta 1.4 é uma regressão em relação ao Corsa que o inspirou, onde a ordem era diminuir o número de peças e economizar nos materiais.

Na ideia inicial nem eram previstos vidros elétricos – a prova disso é que eles na época eram instalados na concessionária, com botões improvisados no console da marcha, meio que “de lado”.

Os bancos são estreitos para mim, que tenho 1,84m e 90 Kg. Cansam em percursos longos. Ao menos o tecido é lavável e uma lavagem a seco deixou ele original de novo sem desbotar.

Os comandos são reduzidos, como a buzina na haste da seta que também acumula os botões dos faróis. Não gostei deste arranjo, mas acostumei.

No Corsa era bem melhor, pois os faróis tem seus comandos separados. Muita gente não gostou dos comandos de ventilação, mas eu achei mais adequados que os Celtas anteriores a 2004.

O painel de instrumentos do Celta 1.4 é pequeno, com os instrumentos muito juntos um do outro, mas este Celta se salva por pouco por ter conta-giros.

O marcador de combustível digital é impreciso e a temperatura só é informada quando a junta do cabeçote for “pro saco” através da luzinha… Relógio digital e hodômetro parcial completam as indicações e são bastante úteis, embora pequenos.

Peças inteiriças como os painéis de porta constatam a economia no acabamento. Fica feio mesmo, pois a peça se estende até o acabamento interno dos retrovisores, destoando de qualquer pretensão de causar uma boa imagem.

Se a porta não tivesse um tecido acima do apoio de braço, ficaria ainda mais feio. As saídas de ar são destas redondas e inteiriças que empestearam em nossos carros “populares” atuais. São práticas, mas são, na minha opinião, muito feias.

Para carros como este Celta, aceitável. Para carros com preços elevadíssimos como Gol GV, Voyage, Fiesta 2004, e outros, inaceitável. Poderiam fazer algo mais digno e exclusivo, que não entregue às tentativas de economia de palitos.

O apoio de cabeça costurado no banco do Celta 1.4 vem de sua origem simplista. O traseiro só se move para ser removido. A luz interna só acende quando abre a porta do motorista – somente – acho isso bem incômodo ao pegar objetos no banco de trás à noite sem ligar o botão.

Alguns citam sempre o volante torto do celta, isto é fato. Mas para quem o dirige todo dia, isso não chega a incomodar.

Os pedais são voltados para a direita, mas também não chegam a preocupar, pois para fazer um “punta-tacco” fica fácil com pedais próximos.

Eram detalhes de antigamente. Hoje, os hábitos mudaram.

Itens do Celta 1.4 Energy

Pára-brisa degradê, detalhes prateados no painel e nas saídas de ar, conta-giros, forros de porta com tecido, limpador e lavador do vidro traseiro. Para a época, um diferencial. Hoje, muitos “populares” ainda oferecem alguns destes como opcionais.

Mecânica

Confiável e com a manutenção barata. Peças a preço do 1.0 (quase todas são compartilhadas) e encontradas fácil. Por ter a concepção antiga, muitos mecânicos trabalham sem dificuldades para as manutenções de rotina.

Desempenho bom pelo fato do carro ser leve (em torno de 900 Kg) e a elasticidade do 1.4. Para as minhas necessidades, atende com sobra. Em viagens que fiz, as respostas em ultrapassagens são boas. Só não são melhores devido à algumas marchas serem alongadas, como a quarta e a quinta. Mas nada preocupante e eu até prefiro assim.

A suspensão é muito baixa, o carro raspa com facilidade com três pessoas a bordo. Coloquei calços nas molas traseiras para levantar mais ele quando tiver em carga. Nas curvas, por ter a calibração para conforto, balança um pouco. Nada de pretensões esportivas nas curvas, mesmo com pneus 175/70 R13 – um pouco mais largos – que coloquei.

A direção é mecânica, pesada em manobras parado e adequada em movimento. Já acostumei, mas uma hidráulica nem se compara.

Consumo do Celta 1.4

Na casa de 12 km/l de gasolina na cidade (ar-condicionado ligado pouca parte do tempo) e uns 14 km/l na estrada, na casa de 100 km/h. Passando disso, aumenta o consumo.

Uma passagem que fiz urbana com ar ligado o tempo todo ele fez na casa de 10 km/l. Mas não ando sempre assim. E meu pé é meio pesado.

Celta 1.4 – Segurança

Bom, nesta parte não tem muito a elogiar. Se para a época cintos de segurança com regulagem de altura era um item diferencial, hoje não é mais que obrigação.

Airbag e ABS não vinham desde o projeto, ficaram lá no Corsa de 94, seu antecessor. As frenagens são boas, mas a tendência de sair de frente exige cautela.

Aliás, dirijo preventivamente, pois a concepção do carro não permite abusos. Em linha reta, posso sentir o motor do carro em acelerações e retomadas dando segurança em ultrapassagens, mas nada de contar com aderência esportiva em curvas.

Principais intervenções

Além da rotina, quando o comprei, troquei as borrachas da suspensão dianteira, correia dentada, filtros de ar, gasolina, ar-condicionado, velas. Gastei, com mão-de-obra, uns R$ 500.

Duas baterias, uma trocada há poucos dias. Depois disso, só uma ponteira de direção, pneus, miolo da chave de ignição, controle do alarme e lâmpadas.

Alinhamentos e balanceamentos entram na conta como rotina de acordo com a quilometragem. E com uns buracos novos que apareceram ultimamente, foi um pivô, uma coifa da homocinética e uma “laranja” em um pneu… culpa de nosso asfalto lunar.

Ele possui grilos de acabamento diversos. Uns eu descobri e outros continuam. Geralmente reapertos em parafusos ou troca daquelas presilhas plásticas que se desgastam cada vez que você abre um forro de porta ou solta um acabamento interno.

Tem também o tampão traseiro original, que batia bastante e troquei para instalar alto-falantes de 10” e tweeters. Fiz um acabamento em MDF forrado e reforços para evitar ruídos e a envergadura do tampão.

Outro ruído crônico do Celta 1.4 é o do banco traseiro, que bate dentro de seu encaixe. Melhora com graxa branca, mas volta. Outros Celtas possuem o mesmo problema.

Os vidros elétricos tem que ser sempre lubrificados com grafite, pois podem travar e quebrar o cabo de aço ou o motor. Mas acho que também isso é pelo tempo de uso mesmo.

A coluna de direção também tem um ruído quando passa nos buracos, mas apareceu poucas vezes e naquelas crateras que encontramos facilmente por aí. Devo me programar para verificar a embreagem e fazer uma limpeza no cárter, pois mesmo trocando óleo com 7.500 km, acumula sujeira.

Recentemente colidi com uma moto, causando danos na porta e, ao reparar, aproveitei para dar um banho, pois tinham partes com arranhões e com verniz danificados. Agora é que eu ficarei ainda mais tempo com ele.

Resumo do Celta 1.4

Fiz uma ótima compra, pois achei um usado bem conservado e nunca me deixou na mão. Atende bem ao acelerador. Não esperava tanto, mas me surpreendi com a mecânica 1.4 e com a facilidade e economia na manutenção como um todo.

Carro para quem não prioriza acabamento. Tudo muito simples e econômico. Poderia ser melhor, mas estas economias vieram de berço.

Celta 1.4 – Positivos

– Revenda
– Motor e Manutenção
– Design da frente

Celta 1.4 – Negativos

– Segurança
– Conforto dos bancos
– Ergonomia e acabamento

Por Marcio Miranda

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.