Carro da semana, opinião de dono: Chevrolet Vectra CD 99

vectra cd 99

Sou um frequentador assíduo do site Notícias Automotivas e depois de ler tantos artigos legais sobre a opinião dos leitores sobre seus carros, pensei em escrever algo sobre isso e espero que eu possa passar um pouco de minha experiência com este veículo tão especial.

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Apresentação

Meu nome é Rodrigo Linhares, sou amante dos automóveis, sobretudo dos carros europeus desde muito jovem, incentivado pelo meu pai, que também esteve sempre ligado a este mundo.

Meu pai foi uma pessoa que sempre foi fã do Monza desde seus primórdios, sendo eu por seguinte, um fã do Vectra, não somente do Vectra, mas de sedans da Opel de modo geral. Assim como meu pai havia conseguido ter seu Monza, eu, com muito prazer, pude ter mais de um exemplar deste maravilhoso modelo Vectra.

Primeira aquisição

Adquiri um Vectra GLS ano 99 da cor branca, motor 2.2 8 válvulas, 123 cv, seu ponto forte era o conforto. Era um carro de presença, em seus pontos fortes também incluíam o moderníssimo desenho, que na minha opinião é ainda atual e o silêncio interno.

Além de tudo dotava de um acabamento de tirar o chapéu mesmo dos mais exigentes. Na nota fiscal deste carro registra R$ 28 mil na concessionária, o proprietário fez questão de deixar o manual e todas as notas fiscais junto ao veículo.

Por mais que este carro fosse incrível com seus bancos em veludo muito aconchegantes e sua maciez, o Vectra CD possuía algo a mais que a versão GLS não tinha, um “tchã” a mais. Depois de um ano com o Vectra GLS resolvi adquirir um Vectra CD ano 1998. Mas não era um qualquer, era um especial, o modelo que eu almejava, com seus diferenciais em relação ao GLS:

Pneus 195-65 com Rodas em 15 polegadas;
Faróis auxiliares que acompanham o desenho do para-choques;
Lanterna traseira fumê (um charme);
Ainda possuía todas as maçanetas na cor do carro.
Som original com controles ao volante e amplificador de som.
Retrovisor fotocrômico.

Fora estas características básicas do modelo, este exemplar Confort Diamond (este é o nome da versão) anda possuía os itens:

Duplo airbag;
Freios ABS;
Teto solar;
Bancos e volante em couro;
Ar-condicionado digital;
Computador de bordo;
Teto solar;
Além do Câmbio automático com controle de cruzeiro;
E controle de tração.

Este era o modelo mais completo da época, de 1998. Seu preço na loja? R$ 63.000 na concessionária, também possuo a nota fiscal. Como adquiri este carro de meu sogro e ele o tirou zero, ficou mais fácil manter estes documentos em minha posse, além de tudo, conhecer o histórico deste veículo.

Características GLS e CD

Por mais que os carros “seriam” os mesmos, seu comportamento é bem diferente. Enquanto um era macio, com uma direção levíssima e uma traseira um tanto quanto boba, o outro era um carro duro, esportivo, direção pesada e colado no chão. Quero deixar claro que todas as características originais dos carros sempre foram e sempre serão mantidas por mim.

O motor 2.2 16 válvulas do CD não era muito evidenciado no trânsito do dia a dia com seu câmbio quatro marchas, mas que se transformava acima dos 90 km/h. Na cidade eu o chamava de marreco, pela característica de vagarosidade na arrancada, no tirar do zero.

Minha esposa falava para mim quando o guiava: “Como é lerdo para arrancar, meu Celta é tão esperto”, mal sabia ela que a velocidade final do Celta era quase alcançada na primeira marcha do Vectra (exagerando um pouco), que efetuava a troca automática para a segunda marcha por volta de 95 km/h no Kickdown antes de cortar a injeção do combustível.

A terceira marcha daria algo em torno de 195 km/h e a quarta, de acordo com o manual, em uma situação normal de temperatura e pressão, não seria alcançado seu limite de corte de giro. Uma observação é que no GLS, o velocímetro marca até 220 Km/h e no CD este número avança até 260 Km/h.

Cabe aqui uma comparação: O GLS cinco marchas 8 válvulas à 2.000 giros estava a 70 km/h aproximadamente, já o quatro marchas 16 válvulas à 2.000 giros estava um pouco mais de 90 km/h, mostrando assim sua característica de carro que quer comer asfalto.

Os bancos em couro, o que tinham de esportivo perdiam em conforto em relação ao veludo. Ambos são bonitos do meu ponto de vista, mas o couro com tempo, mesmo com os devidos cuidados, se tornam um pouco mais barulhentos com uns rangidos, mas que não poderiam faltar na versão CD já que fazem parte da composição do carro.

Traction Control e regime de baixa aderência: Duas características deste carro são os mecanismos de controle de tração, estes funcionavam muito bem quando testado, um deles é o Traction Control que não deixa o carro patinar. Ao afundar o pé e as rodas começam a girar em falso, a injeção é cortada e a luz TC no painel começa a piscar.

Era possível desligar o mecanismo caso queira gastar um pouco de pneu. O regime de baixa aderência é uma funcionalidade da caixa automática que faz o veículo arrancar sem patinar quando em areia, lama e neve.

Este último adota a terceira marcha para arrancar, uma espécie de recuo que não aplica todo o torque nas rodas. Ambos os recursos sempre funcionaram corretamente quando exigidos.

Uma coisa que aprendi com outros entusiastas do Vectra e observando outros veículos foi distinguir couro original de fábrica e o colocado em paralelo (às vezes pela concessionária). O couro original GM é mais rugoso e um detalhe importante era a lateral da porta, nesta o original era colocado somente na parte superior e não em toda lateral da porta, a parte inferior e o porta-mapas é revestido em veludo cinza ou azul.

Quando o couro é colocado posteriormente fora da linha de montagem este cuidado não era tomado, às vezes o couro era usado para revestir toda a lateral da porta, e às vezes a marca da Chevrolet é posta no encosto, além da qualidade do material ser um pouco inferior. Deste veículo o couro era legítimo de fábrica.

Pontos negativos

Manutenção cara, seguro caro, valor do carro mínimo. É um carro que você vai pagar um preço bem baixo no mercado, vai dar aquela sensação de “comprar um carro bom a preço de popular”.

Mas cuidado, você pode estar pegando um carro que está dando (ou dará, com certeza) manutenção, e o preço é salgado. Tudo nele é mais caro, desde a correia dentada até as pastilhas de freios por causa dos discos maiores em relação ao GLS.

Pode não ser um carro que quebra mais, porém ele tem muito mais coisa para quebrar e cobra mais quando isso ocorre. A idade vai chegando e os eletrônicos vão pifando. É um carro ótimo para quem gosta de fuçar e fazer por conta em casa. Senão prepare-se para arranjar um sócio: o mecânico.

O seguro dele é caro, por possuir peças caras de reparação, seu preço sobe bastante, cheguei a pagar 25% a mais do que o Vectra GLS e 40% a mais que um Astra.

Consumo

Aqui um ponto controverso, na cidade sempre entre 6.5 e 7.5 km/l, mas em viagens, facilmente entre 12.5 e 13.5 km/l. Eu nunca o considerei um bebedor, estava de acordo com seu peso e potência.

Ar-condicionado ligado não chegava a ser sentido em termos de desempenho e consumo.

Defeitos/Manutenção

A manutenção do motor 16 válvulas é sim mais cara que o de 8 válvulas. São mais peças e requerem maior cuidado. Já constatei diversas vezes que as peças de reparos são mais caras.

– Remoção de vazamento de óleo na tampa do cabeçote, três vezes. Eu nunca vi um Vectra 16 válvulas que não estivesse com a tampa babada em óleo, só o meu, mas a que preço, uma vez por ano as juntas precisavam ser trocadas, não aguentavam. Parece-me um defeito de projeto. Algo em torno de R$ 180,00 cada ida ao sócio.

– Mau contato nos motores de regulagem de altura dos faróis, o farol ia para cima e para baixo sozinho, na concessionária somente trocavam o conjunto ótico inteiro! R$ 980 cada. Desmontei o conjunto limpei todos os conectores e deu uma ‘amenizada’ na situação.

– Queima de lâmpadas no painel de instrumentos e no LCD do ar condicionado. Fato engraçado, a concessionária queria R$ 150,00 para a troca da lâmpada dos instrumentos e seriam pelo menos 3 horas de mão de obra e que o LCD do ar condicionado não seria possível arrumar, sendo necessário trocar todo o painel frontal e sairia em torno de R$ 450.

Resolvi não fazer o serviço e em outro dia levei-o em uma auto elétrica famosa e antiga aqui da minha cidade, trocaram as lâmpadas do instrumento, arrumaram a iluminação do LCD do ar condicionado aquele que a concessionária falou que NÃO era possível arrumar, levaram uma hora e me cobraram R$ 35,00. É engraçado para não dizer triste. Aqui em Blumenau somos muito mal servidos pela concessionária GM.

– Ar condicionado parou de gelar – Efetuei uma carga de gás no valor de R$ 120 e durou mais um ano.

– Computador de bordo acusando pastilha de freio – na concessionária R$ 580 o par traseiro e R$ 900 o par dianteiro. Mas depois vimos que o sensor se soltou da pastilha e acusou erroneamente. Porém os sensores estragaram devido ao contato com o disco, resultado: R$ 200 cada sensor, são quatro.

– Silencioso traseiro: R$ 800 na concessionária, R$400 no mercado paralelo.

– Vazamento de água do radiador: aqui começou uma novela, foi trocado três vezes a válvula de ar quente, algo em torno de R$ 80 cada. Uma peça que a própria GM diz que não produz mais e ela mesma compra de terceiros para revender. O radiador também já foi trocado por causa de oxidação: 1.800,00.

E o que fez correr lágrimas dos olhos:

– Fundi o motor – Ficou sem água, aqueceu e eu não percebi. Foi feito o motor inteiro, de cabo a rabo, só ficou o bloco para contar a história, preço da brincadeira: R$ 6.800. E nunca mais o carro ficou igual.

Após isso, o carro perdeu o encanto, as vibrações do motor aumentaram, o consumo aumentou, a concessionária não conseguia dizer o que era o problema. Causa raiz da falta de água: válvula de ar quente, de novo logo que possível eu o vendi com menos de 100 mil Km rodados, um carro bom, mas com uma manutenção de amargar.

Dica

Caso você queira um Chevrolet Vectra CD, tome muito cuidado, como a manutenção dele é cara em relação ao preço do automóvel propriamente dito, é fácil encontrar exemplares que não receberam a manutenção correta, muitas vezes sem revisões, e como já vi muitas vezes, peças estragadas ao invés de ser repostas são muitas vezes apenas desativadas. Sensores de freios por exemplo.

Este carro acima relatado foi vendido por R$ 18.000,00.

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    Autor: Eber do Carmo

    Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.