Quantos carros posso financiar em meu nome?

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Muita gente precisa de apenas um carro, mas existem aqueles que necessitam de dois ou mais automóveis.

Obviamente é raro uma situação como esta acontecer de forma imediata, exceto se não há seguro envolvido em uma ocorrência de danos provocados por enchentes e outras condições climáticas, que poderiam danificar ou destruir completamente os carros da família.

Outro motivo é a obtenção de um valor e a família deseja trocar ao mesmo tempo todos os carros de casa. Se não for por motivos assim, será muito difícil ver um financiamento (veja quanto precisa ganhar) de múltiplos carros.

Posso financiar mais de um carro?

Sim pode! Uma única pessoa pode financiar mais de um carro. O limite de quantos carros será a própria renda da pessoa, teoricamente.

Isso significa que as mensalidades somadas de todos os contratos de financiamento para a mesma pessoa não poderão ultrapassar 30% de sua renda mensal, que é o limite no país para financiamento de veículo.

O objetivo da regra é não comprometer a renda familiar e isso limita muito o financiamento de mais de um carro, ainda mais hoje com as prestações cada vez mais altas.

Imagine que uma pessoa tem uma renda de R$ 100.000 por mês. Usando-se 30% desta renda, ela consegue facilmente financiar 10 carros se quiser, todos de uma só vez.

Um problema, porém, é que alguns bancos limitam os financiamentos de uma mesma pessoa em no máximo dois carros. Ou seja, um terceiro financiamento está fora de cogitação na mesma instituição financeira. O temor de um calote faz com que os bancos se protejam contra riscos maiores como nesse caso.

No entanto, outros bancos e financeiras podem consultar o histórico de crédito do consumidor e descobrir se ele tem restrições, sendo que uma delas seria outro financiamento ainda em aberto.

Tem instituição financeira que não libera um novo financiamento enquanto o primeiro ainda não foi quitado. O score do consumidor ajuda, mas não é o fator decisivo para tal aprovação.

Mas o que é score do consumidor?

Trata-se de uma pontuação de 0 a 1000 que avalia diversos pontos relacionados com o histórico de crédito do consumidor, incluindo prestações em dia, dados cadastrais atualizados, histórico de dívidas negativadas, relacionamento com empresas do setor, comprometimento da renda em média de 25%, entre outros aspectos.

Quanto mais se usa o crédito, mas o score sobe.

No caso de um financiamento hipotético de automóvel, o cliente precisa comprovar renda que seja superior à somatória de todos os financiamentos. Um exemplo é uma renda individual de R$ 10.000 por mês.

Nesse caso, dois contratos de financiamentos de automóveis não poderão ultrapassar R$ 3.000.

Ou seja, os 30% da lei. Então, poderiam ser dois contratos com mensais de R$ 1.500 cada um ou variável, obedecendo ao limite da renda. Porém, essa pessoa pode juntar sua renda com a do cônjuge, por exemplo, aumentando a margem.

Cada contrato funciona de forma independente e caso um deles esteja em atraso, o cliente inadimplente pode correr o risco de sofrer busca e apreensão do veículo. Mas note, isso é apenas para o contrato em atraso e não todos os contratos.

Ou seja, se o outro estiver em dia, nada ocorrerá com ele. Por isso, não existe um contrato de financiamento para dois ou mais carros, mas contratos individuais para cada veículo. As regras de quitação são iguais, assim como os meios de quitação antecipada.

Sempre que for consultar os contratos, o cliente precisa comunicar a placa do veículo escolhido para pesquisa.

Leia também: E se eu precisar financiar 100% do carro?

Financiamento

No Brasil, o financiamento CDC é a forma mais usada de financiamento de carros.

No total, R$ 18,1 bilhões em crédito foram disponibilizados nos dois primeiros meses do ano, alta de 30,2%. Já a inadimplência figura em 3,7% no mês de fevereiro, o menor índice em 12 meses.

Mesmo assim, o financiamento ainda é algo bem ruim no Brasil. As taxas de juros são altas e ainda há o famoso saldo devedor, que prende o consumidor às financeiras, algo bem diferente do que acontece nos EUA, por exemplo.

Aqui, o CDC dá mais liberdade ao cliente, que pode antecipar parcelas, transferir a dívida mais facilmente e ainda tem o veículo em seu nome (bloquear veículo que não foi transferido).

No Leasing, a atração é a mensalidade menor, porém, o cliente fica preso ao contrato, não recebendo descontos no pagamento antecipado de parcelas, não podendo transferir e nem ter o veículo em seu nome, pois fica registrado como sendo do banco ou financeira.

O problema do leasing é o saldo devedor, bem diferente do que ocorre nos EUA, onde o termo realmente significa um aluguel, sem saldo devedor.

Para reduzir a dívida, adicione o máximo possível de dinheiro para dar de entrada no veículo, de preferência de 50% para cima, onde os juros cairão ainda mais e o prazo para pagamento pode ser menor, chegando mesmo a taxa zero nesse caso.

Em caso de ser dois carros ou mais, a situação fica complicada. Hoje em dia, há um limite de 20% de entrada para planos de financiamento. Então, dá para incluir mais de um nesse esquema, porém, o prazo será maior e os juros também.

Assim, quanto menos tempo se gastar pagando o financiamento, melhor. Pagar à vista ainda é o melhor caminho para se evitar custos extras com contratos de financiamentos, mas é cultural no Brasil financiar automóveis e outros produtos.

O problema é que o aumento nas vendas começa a gerar uma nova onda de financiamentos agressivos, tais como promoções com mensais de menos de R$ 100 e outras “atrações” para buscar os clientes que ficaram anos sem trocar de carro.

Como existem bilhões de reais disponíveis para o mercado automotivo, facilitar o acesso ao dinheiro é a missão de muitas empresas, especialmente os bancos de montadoras, que tem como objetivo vender a produção, diferente dos bancos comuns.

Assim, pode-se novamente alimentar um processo em massa de financiamento com risco de calote maior, pois apesar do aumento das vendas, a economia nacional ainda não se recuperou.

Bom, no caso de fazer um financiamento, procure o CDC, pois é possível reduzir o custo do financiamento com o adiantamento de parcelas ou mesmo a quitação antecipada, o que ajuda a reduzir o CET (Custo Efetivo Total) do contrato.

Fique também de olho na taxa de abertura de crédito. É importante que o consumidor fique atento a essas inclusões tarifárias abusivas impostas por financeiras e bancos, tais como taxa de análise de crédito, taxa de cessão, taxa de retorno, etc.

Além de manter dois contratos, o consumidor terá de arcar com custo dobrado em impostos, tais como IPVA e Licenciamento, bem como DPVAT. Seguro, manutenção, combustível e até mesmo lavagem impactarão fortemente em dois carros na garagem.

Para quem tem CNPJ, a compra pode ficar mais barata por conta dos descontos das montadoras, pois algumas consideram como frota de duas unidades para cima. O desconto é variável de acordo com a marca. O valor financiado incidirá sobre os valores finais dos produtos.

Em resumo, dá para financiar mais de um carro. Se fosse aqui como nos EUA, poder-se-ia fazer leasing de vários carros com valores módicos.

Porém, nossa realidade é bem diferente. O acesso ao crédito é até fácil, o problema são os juros elevados que tornam as operações tão caras que, no final, acabasse pagando dois carros pelo preço de um. Ou seja, com dois carros financiados, acaba-se pagando quase quatro carros, por conta dos juros, ao invés de apenas dois.

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X