Depois de vários anos no mercado brasileiro, o Polo mudou de cara e ainda ficou mais barato para tentar ser protagonista em seu segmento.
Como isso ocorreu no final de 2022, agora já sabemos que a estratégia deu certo.
Ao final de 2023, o Polo foi o mais vendido do seu segmento e o segundo mais emplacado do mercado nacional, perdendo apenas para a Fiat Strada. Foram mais de 111.200 unidades colocadas nas ruas, um número que impõe respeito.
Mas o hatch alemão continua tendo alguns pontos negativos, que podem ser importantes para você decidir se vai colocá-lo em sua garagem ou não.
Confira!
A versão Track não faz sentido
Uma das principais mudanças na linha do Polo reestilizado foi a introdução da versão Track, lançado no final de 2022 com o objetivo de aposentar o Gol. Mas será que essa versão faz sentido?
Primeiro, é bom destacar que a VW não fez nenhum milagre para reduzir o preço. O que muda é a lista de equipamentos, bastante reduzida nessa configuração, ou ainda mais quando falamos sobre o novo Polo Robust, lançado recentemente.
Um dos aspectos negativos está na qualidade do sistema de som, que tem o rádio de série ou o Composition Touch como opcional (por R$ 660).
Mesmo assim, o sistema oferece apenas o básico com seus 4 alto-falantes e sem nenhum tweeter. No final, a qualidade do som fica abaixo do esperado.
No banco traseiro, as versões mais baratas do Polo tem um encosto rebatível, mas ele não é bipartido. Além disso, os passageiros da segunda fileira não tem muitas comodidades, como alças de segurança (popularmente conhecidas por outro nome), luz de leitura, entradas USB ou saída de ar-condicionado.
Ainda no banco traseiro, você vai se deparar com algo cada vez mais raro nos carros novos por aqui: os vidros são manuais, exigindo aquele exercício básico para movimentar as manivelas. Na dianteira, os vidros são elétricos, mas sem o sistema de um toque.
Mesmo assim, ainda estamos falando de uma versão básica. O problema é o preço cobrado pela marca, atualmente em R$ 87.990 na opção Track, enquanto o Polo MPI (com o mesmo motor 1.0 aspirado) custa R$ 90.990.
Com esses R$ 3 mil adicionais, você leva central multimídia, faróis e DRL em LED, computador de bordo, ajuste de altura nos apoios de cabeça no banco traseiro, maçanetas e espelhos na cor da carroceria, entre outros equipamentos.
Ou seja, a versão Track não tem o apelo do Gol e cobra caro por ser um Polo. Mesmo sendo um bom carro em diversos aspectos, é melhor levar a configuração MPI.
O acabamento continua fraco, recheado de plásticos rígidos
O acabamento do Polo, assim como em outros carros da marca, nunca foi o ponto mais elogiado. Mesmo assim, a marca parece não ter aproveitado a chance trazida por essa reestilização para finalmente resolver esse problema.
Praticamente em todas as versões, o hatch é recheado de plásticos, especialmente na porta traseira. Ali, o braço não tem qualquer apoio em material mais suave, ainda que o material não tenha rebarbas.
Um fato curioso aparece na versão Track, onde as portas traseiras são tão diferentes das dianteiras que parecem ter vindo de outro carro. O acabamento é simplificado, o plástico aparece ainda mais e não existe nenhuma textura diferenciada.
Mesmo subindo na gama e chegando à versão Highline, a mais cara com o motor 1.0 TSI, é perceptível que as únicas mudanças foram na estampa do painel. Não houve, de fato, uma melhora na qualidade do material usado ali.
Motor ficou mais fraco
O Polo sempre agradou com seu motor 1.0 TSI de até 128 cv e 20,4 kgfm, mas agora esse propulsor está reservado para os SUVs da marca. Junto com as mudanças visuais, porém, a VW decidiu mudar o que estava debaixo do capô.
É verdade que o hatch continua com o 1.0 turbo, mas agora ele entrega 109/116 cv e 16,8 kgfm, numa mistura entre o anterior 200 TSI e o motor usado no finado Up! TSI.
Além disso, o câmbio AQ200 deu lugar ao AQ160, mais apropriado ao novo motor, segundo a marca.
O novo motor trouxe novos componentes, que são mais baratos do que os usados anteriormente. Ou seja, a Volkswagen reduziu os custos com essa mudança, aproveitando também para tirar os discos de freio na traseira, que foram substituídos por tambores.
Na prática, os brasileiros tiveram um redução de 12 cv e 3,6 kgfm no novo Polo, o que deixou o carro menos divertido e potente. Na aceleração de 0 a 100 km/h, o tempo piorou de 9 segundos para 10,1 segundos. Pelo menos ele ficou mais econômico…
Faltam equipamentos em relação aos concorrentes
O segmento dos hatches mudou bastante na última década, pois agora temos modelos mais equipados em conforto e segurança. Ou seja, o renovado Polo poderia ter aproveitado sua mudança para subir de nível nesse aspecto.
Infelizmente, isso não aconteceu. Comparando as versões Highline, por exemplo, o modelo trocou as rodas aro 17 por rodas de 16 polegadas, perdeu os freios a disco na traseira e ainda diminuiu um pouco a qualidade do acabamento interno e até na forração do porta-malas.
Por dentro, o isolamento continua bom, mas ficou um pouco pior em relação ao modelo anterior, e os bancos agora são inteiriços, o que não agradou tanto quanto a marca ressalta quando fala sobre o assunto.
Um último aspecto é a falta de alguns itens nas versões mais caras, o que fica claro quando comparamos o Polo Highline com seus rivais Onix Premier, HB20 Platinum Plus e 208 Griffe.
Essa lista inclui assistente de farol alto, indicador de fadiga, alerta de colisão, assistente de estacionamento, alerta de ponto cego, assistente de manutenção em faixas e outras ajudas ao condutor que seus rivais já oferecem.
Além disso, o hatch da Volkswagen segue com apenas quatro airbags, enquanto muitos outros modelos (na sua categoria e em outras) já são equipados com seis bolsas de proteção.
E o custo-benefício se foi?
Nenhum segmento escapa dos preços absurdos no mercado brasileiro, mas a ideia vendida pela Volkswagen no lançamento do novo Polo era outra: um carro renovado e mais barato que seu antecessor.
Isso até ocorreu no início, mas hoje os valores cobrados estão em outro patamar. Com motor 1.0 aspirado, por exemplo, o Polo custa quase R$ 88 mil na versão Track e perto de R$ 91 mil na opção MPI. Sim, tudo isso por um carro com motor de 1,0 litro.
A versão Sense custa quase R$ 100 mil e já traz o motor 1.0 turbo com câmbio automático, sendo um pouco mais barata que o Polo TSI, com câmbio manual, que custa R$ 102 mil. As versões mais vendidas, Comfortline e Highline, custam entre R$ 112 mil e R$ 119 mil, enquanto a GTS sai por R$ 151,5 mil.
Olhando para a concorrência, vemos que o HB20 fica entre R$ 86 mil e 121 mil, o Onix é vendido na faixa entre R$ 86 mil e R$ 117,5 mil e o Peugeot 208 vai de R$ 92 mil a 116,5 mil.
Ou seja, a grande vantagem do Polo ficou pelo caminho, pois agora ele custa o mesmo que seus rivais.
Conclusão
As boas vendas do Polo em 2023 estão se repetindo nesse ano: de janeiro a março de 2024, o hatch emplacou 27.263 unidades, ultrapassando a Strada e se tornando o carro mais vendido do país.
Mesmo assim, ele não tem o custo-benefício que tanto se destacou em seu lançamento, quando realmente era mais barato que os rivais.
Se você levar em conta que o VW não é tão equipado e ainda tem apenas quatro airbags, verá que existem outras opções tão interessantes como ele no segmento.
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