Você sabe dizer quais foram os carros mais vendidos no Brasil em cada período de nossa história automobilística?
Nós sempre fomos apaixonados por carros, desde o saudoso Fusca até os modelos mais modernos vistos atualmente.
Para que você tenha uma ideia de como o brasileiro tem comprado carro nos últimos 50 anos, elaboramos uma lista dos modelos nacionais mais vendidos no Brasil desde 1959.
Vai ser uma viagem nos usos e costumes dos seus antepassados e, conforme sua idade, servirá para relembrar o que você mesmo já comprou! Está curioso? Ok, vamos lá!
Campeões de venda no Brasil em todas as categorias – primeiros lugares – desde 1959:
Anos | Marca | Modelo | Tempo na liderança |
1959 a 1982 | Volkswagen | Fusca | 24 anos (incluindo 1959) |
1983 | Chevrolet | Chevette | 1 ano |
1984 a 1986 | Chevrolet | Monza | 3 anos |
1987 a 2013 | Volkswagen | Gol | 27 anos |
2014 | Fiat | Palio | 1 ano |
2015 a 2020 | Chevrolet | Onix | 6 anos |
2021 a 2022 | Fiat | Strada | 2 anos |
Dava para imaginar que apenas duas marcas dividiram a liderança em 61 dos 62 anos descritos acima? E que apenas uma delas, a Volkswagen, liderou por 51 anos com o Fusca e o Gol?
Além disso, vemos que em mais de seis décadas tivemos apenas seis modelos no topo das vendas no Brasil, indicando que o brasileiro costuma ser convencional quando o assunto é comprar um veículo.
Carros mais vendidos no Brasil
Para ajudar a entender os cenários em que os modelos acima foram campeões e também quem eram seus concorrentes, vamos a um resumo do mercado de automóveis e utilitários por década, dos anos 50 até os dias de hoje:
1951 a 1960 – O Brasil estava na era Juscelino Kubitscheck (1956 a 1961), que foi um incentivador da indústria automobilística no Brasil. Nesta década, havia os VW Fusca e Kombi 1200, Karmann Ghia, DKW-Vemag com motor dois tempos, Simca, Willys Overland e os importados americanos e europeus de décadas anteriores, FNM-Alfa Romeo e os primeiros Toyota Bandeirante feitos aqui. Ford e GM já montavam utilitários, como furgões, camionetas e caminhões com peças vindas de fora.
1961 a 1970 – Surgem os modelos VW Variant e VW 1600 4 portas (Zé do Caixão) , VW TL e Fusca 1500 (Fuscão), Ford Corcel, Chevrolet Opala, Willys Dauphine e Gordini, Karmann Ghia TC e Puma. Em 1969 é inaugurada a Gurgel. Picapes Ford, Dodge e Chevrolet (incluindo a Veraneio) também estavam disponíveis. A Ford então lança o grande e luxuoso Galaxy / LTD, enquanto a Willys oferecia a dupla Aero e Itamaraty. Na política, inicia-se a ditadura militar em 1964.
1971 a 1980 – Surgem modelos marcantes como Brasília e Variant II, além do inovador VW Passat 1500 a água com tração dianteira; alguns anos depois ele ganha o 1600. Vêm também os esportivos VW SP1 e SP2. Depois disso, chega o Fiat 147 em 1976. Em maio de 1980 é lançado o Gol 1300 a ar com tração dianteira, além de mais modelos da Gurgel. Chevrolet Chevette é a grande novidade da Chevrolet, e a Caravan aparece no meio da década. Belina 1 e novas versões do Corcel são as novidades da Ford. Um carro médio interessante e bem acabado foi o Dodge Polara 1.8 (Dodginho), com opção de câmbio automático. Essa também foi a década dos verdadeiros esportivos e dos luxuosos, como Maverick, Opala e Caravan SS, Landau e os Dodge Charger, Dart, Magnum e Grand Sedan.
1981 a 1990 – Muitas novidades desde o comecinho da década, ao passo que o álcool se consolida. Surgem Monza Hatch, Sedan 2 e 4 portas, Chevy 500 e Marajó, Kadett e Ipanema, além da picape D20. A Volks aumenta a família Gol com o lançamento de Saveiro, Voyage e Parati e inova com o luxuoso Santana e sua versão SW, a Quantum. O Fusca sai de linha em 1986. A Fiat traz Oggi, Uno, Elba, Picape City, Prêmio / Duna e Fiorino. Muitos fora-de-série da Sulam, Envemo, Puma, Bianco e várias outras, incluindo a onda das picapes transformadas. Da Ford vêm Corcel e Belina II, Pampa, Escort e Del Rey. Curiosidade: existiu Pampa e Belina 4 x 4.
Política e economicamente, volta a democracia com eleições ainda indiretas em 1985, que elegeram Tancredo Neves. A inflação teve seu ápice em 1989, chegando a 3% ao dia. Depois, muitos anos de recessão. Em 1989, Fernando Collor de Mello é eleito Presidente em eleições diretas.
1991 a 2000 – Novo Santana, Novo Monza, Nova Família Gol e outras reestilizações são as principais novidades no mercado. Além disso, tivemos modelos inteiramente novos, como Corsa, Omega e Astra. O Presidente Collor reabre as importações em 90 e nossas ruas ganham Toyotas, Nissans, Audis, BMWs, Mercedes, Volvos, Mitsubishis e modelos importados pelas 4 grandes, como VW Golf e Ford Mondeo. A Fiat surpreende com Tempra e traz o Tipo da Itália.
Ford e VW se unem formando a AutoLatina e lançando os clones Verona-Apollo e Santana-Versailles. Vários modelos Ford ganham motores AP da VW e alguns VW ganham o CHT da Ford. Logo depois, porém, começa o divórcio e Logus substitui Apollo, VW Pointer é apresentado e o novo Verona vira um 4 portas, mas continua com motor AP. Após o rompimento total, a Ford lança o Focus e o Escort Zetec, inclusive na versão SW. A VW, por sua vez, nacionaliza o Golf, traz a linha SEAT espanhola e aventura-se no Turbo com seus 1.0 e 1.8 Turbo.
Surge um novo segmento, o das picapes médias, com Mistusbishi L200 e Toyota Hilux importadas. S10, Ranger e outras japonesas vêm a seguir. A Fiat lança o Marea Sedan e Weekend, e duas gerações de Vectra vem à luz.
A Mercedes-Benz lança o Classe A nacional com muita segurança e tecnologia, enquanto que Honda Civic e Toyota Corolla tornam-se nacionais.
Entre os pequenos, o Corsa “2” cresce e o Celta vira o novo popular. O Presidente Itamar pede a volta do Fusca, que retorna de 1993 a 1996. Palio, Palio Weekend e Strada trazem bom design e vendem bem. O Siena só emplaca na segunda geração, o Ka inova em estilo e o Fiesta torna-se o veículo de combate da Ford. A Courier herda os consumidores da Pampa.
2001 a 2010 – Essa foi a década da tecnologia Flex, lançada em 2003. A Fiat e a GM decidem se unir para compartilhar motores 1.8 de 8 e 16 válvulas e transmissões de 5 marchas em vários de seus modelos, iniciando a parceria nos novos Meriva, Stilo e Montana.
Novas marcas se fortalecem: Renault, Peugeot, Citroёn, Mitsubishi, Honda e Toyota. Estas últimas renovam seus sedans, com a Honda lançando a dupla Fit e City. A Hyundai se torna um “player” importante e a Kia também merece destaque. A terceira geração de Vectra surge com plataforma de Astra, ao passo que os sedãs tornam-se os queridinhos do mercado. A Ford arrebenta com o EcoSport e a Fiat lança Punto, Linea e Bravo, passando a oferecer câmbio automatizado Dualogic para quase toda a linha.
VW Santana e a Quantum se aposentam e Polo e Polo Sedan são lançados como compactos “premium”, agradando logo de cara. O Golf brasileiro se distancia duas gerações do alemão, ao mesmo tempo que Jetta / Jetta Variant e Passat / Passat Variant representam a VW no segmento de luxo, bem como os SUVs Tiguan e Touareg. A Porsche inova com SUV Cayenne, Boxster, Cayman e o sedan Panamera.
O Novo Uno aparece para brigar pela liderança de mercado com o imbatível Gol G5. Chegam os primeiros híbridos de luxo pelas mãos de Mercedes e Ford.
Essa também foi uma década fraca para as picapes grandes, que deixaram F250 reinar praticamente sozinha após a saída da Silverado. Por outro lado, foi um período bom para as médias, que ganharam novas opções para concorrer com S10 e Ranger. E chegaram mais perto dos automóveis em desempenho, acabamento e conforto, com câmbio automático e tudo. Troller e TAC fabricam jipes ao estilo do Wrangler americano.
ATUALIZAÇÃO – 2011 a 2020 – Nessa década vimos a passagem do bastão da VW para a Chevrolet, além dum aumento considerável nas opções em nosso mercado, com a invasão dos modelos chineses e coreanos, muitas opções entre os importados tradicionais, novos concorrentes de peso para o emblemático Gol e a invasão dos SUVs.
Do primeiro grupo, podemos destacar a JAC, que chegou com o J3 hatch e sedan e depois foi se firmando com modelos mais bem acabados. Outra chinesa que se tornou importante foi a Chery, que hoje oferece uma enorme linha de SUVs. A Kia segue como uma marca importante, mas com menos destaque e menos opções que sua concorrente direta Hyundai.
As marcas tradicionais, especialmente as vindas da Europa, fazem um sucesso cada vez maior. Enquanto as vendas no geral diminuíram em meio à pandemia de 2020, a Porsche nadou de braçadas com seus esportivos caríssimos, já que a crise afetou menos seus clientes. Ao mesmo tempo, BMW, Mercedes-Benz e Audi continuam a oferecer uma linha completa, enquanto a Volvo apostou numa gama 100% híbrida.
Já do lado das japonesas, Honda e Toyota continuam sendo muito bem aceitas pelos brasileiros, ofertando modelos em vários segmentos e vendo especialmente o Corolla vender de forma inexplicável diante de seus preços cada vez maiores.
A tendência dos SUVs se tornou algo permanente, sendo o segmento mais procurado pelos brasileiros. Depois do sucesso do Ford Ecosport, que já saiu de linha, outros players se estabeleceram, como VW T-Cross, Chevrolet Tracker e a dupla da Jeep, Renegade e Compass.
Também vimos o Gol se tornar um coadjuvante diante do estrondoso sucesso da dupla Chevrolet Onix e Hyundai HB20, que reinam tranquilo como os mais vendidos na maioria dos meses. Vale citar também que a picape Fiat Strada conseguiu atrapalhar esse reinado em alguns períodos, ainda mais depois de ser renovada.
(Por Gerson Brusco Gonzalez)
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