60.000 km com um Citroen C4 Lounge THP Exclusive

Em 2014, nosso leitor Ubaldir presenteou os leitores do NA com um relato completo de 60.000 km rodados com seu VW Jetta Comfortline 2011, e no mesmo relato falou um pouco sobre as impressões iniciais do C4 Lounge que ele tinha acabado de comprar.

Um ano depois ele falou em detalhes sobre o primeiro ano com o sedan francês, dando um relato de opinião de dono sobre o modelo em 2016. E agora ele fala sobre suas impressões gerais depois de rodar mais de 60.000 km com o C4 Lounge, confira!

Promessa é dívida. O C4 Lounge chegou aos 60 mil km, e com vários amigos do site já me cobrando o relato prometido outrora, arrumei um tempo para tecer algumas mal traçadas linhas para este canal sobre a convivência com o sedã médio da Citroen ao longo dos últimos quase 4 anos.

Como as características gerais do modelo já foram tratadas nas outras oportunidades em que escrevi para o NA, vou focar nos quesitos voltados à durabilidade e manutenção do carro, pontuando com alguns detalhes do uso cotidiano que merecem ser citados e/ou reforçados. Vamos lá.

citroen c4 lounge thp exclusive 60.000 km 2

Carroceria do C4 Lounge

A respeito da carroceria, rigidez torcional e percepção de robustez do modelo, há que se frisar: o C4 é impecável. Com quase 4 anos de utilização e passados mais de 60 mil km rodados, o carro se mantém incólume quanto a ruídos internos ou externos.

A pintura continua impecável, sendo necessário frisar que o fato de eu ter aplicado o chamado “vitricar” na aquisição do veículo e repetido esta operação na revisão dos 50 mil km (3 anos de uso), muito colaboraram nessa questão.

Os acabamentos internos estão todos onde deveriam estar, sem qualquer ocorrência mais significativa em termos de montagem de componentes.

Para ser meticuloso, o C4 tem umas pequenas cantoneiras plásticas na quina superior das 4 portas, que servem de pequeno acabamento visual junto às borrachas de vedação.

Estas se soltaram (a da porta dianteira esquerda a muito tempo, a da dianteira direita mais recentemente), demandando uma ação de minha parte fixando-as de volta com adição de uma cola adesiva. É comum se raspar as costas nessas cantoneiras ao se sair do carro, o que acaba gerando sua soltura em algum momento.

São muito pouco significantes, mas vale a pena o registro.

No mais, quem é dono de Lounge já deve ter observado algo que me chamou a atenção no porta-malas: há uma pequena peça plástica que faz as vezes de “grampo” que fixa as duas hastes que cruzam o carro longitudinalmente e servem como uma espécie de mola para as alças de abertura da tampa.

Não raro essa presilha se solta de uma das hastes, deixando que elas se toquem, produzindo um ruído característico de metal batendo em metal. Fixa-la de novo é simples e rápido, só que a característica simplória do aparato causa estranhamento, em especial frente à categoria do carro.

Como engenheiro dá para dizer que há formas mais eficientes de resolver o problema. Consumidores menos preparados dificilmente vão se ater a observar o aparato em caso de sua soltura, passando a conviver com o ruído que não deixa de ser incômodo.

Há algum ruído aerodinâmico, notável quase que somente com o carro em velocidades maiores e com os vidros abertos. Nada muito significativo, já que não é normal a utilização do veículo nessas condições.

No geral, ponto muito positivo do modelo a sua qualidade de montagem geral.

novo c4 lounge 2014 branco 8

Parte elétrica

Outro ponto muito positivo do carro: zero de ocorrências, sem sequer uma lâmpada queimada. Chama a atenção a complexidade do sistema de auto-diagnose do modelo, com o painel sendo capaz de informar um sem fim de problemas que estão ocorrendo com o carro.

Explico: aos 54 mil km a correia poly-V (correia do alternador e ar condicionado) do carro se rompeu.

Logo veio a informação no painel avisando da anomalia na bateria, mandando imobilizar o carro. Eu confesso que fui um pouco teimoso, já que o fato de o ar condicionado ter parado de funcionar segundos antes já fez com que eu soubesse que se tratava da ruptura da correia, e que assim que a carga da bateria se esgotasse o carro irremediavelmente pararia.

Entretanto, tentei levar o carro até à concessionária. No trajeto foram aparecendo em sequência diversas mensagens do tipo “sistema de ABS desligado”, “sistema de auxílio de direção desligado”, “airbags desligados”… e assim por diante. Interessante, sem dúvida.

Bem, acabei perdendo uma bateria que ainda tinha algum tempo de vida útil na brincadeira.

Algumas características típicas dos PSA também valem ser narradas: a tecla blackout que desliga grande parte dos sistemas do painel do carro é muito útil em viagens noturnas.

Basta um toque para que a multimídia e boa parte da iluminação do cluster se apaguem, além de reduzir a luminosidade de botões e apagar os dígitos de temperatura do ar condicionado, deixando tudo bem agradável para trechos longos.

A inteligência do sistema é “divertida”, digamos assim. Como exemplo, basta você tocar na regulagem do ar para que os dígitos sejam exibidos em tons mais fracos por alguns segundos, ou tocar na regulagem de volume do som para que a escala gráfica seja exibida em tons mais amenos na multimídia por um curto intervalo de tempo. Muito bom.

A possibilidade de mudar a cor dos mostradores do painel entre 5 tons diferentes também é bacana, possibilitando a quebra de monotonia de tempos em tempos: se acostumou com um tom, troca-se e a sensação de novidade no interior volta em parte.

Quanto à bateria, uma a cada ano e meio em média. Normal para o padrão dos carros de hoje.

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Motor e câmbio do C4 Lounge

O câmbio passou os 60 mil km sem ocorrências. A característica de “empurrar” o carro em marcha lenta, como em parada de semáforos, acabou se diluindo muito com o uso, sendo que passa desapercebida agora.

Há alguns relatos de “tranquinhos” nas passagens de marcha por parte de donos de Lounge na internet.

O que posso dizer é que eles ocorrem em momentos bem específicos: em reduções efetuadas em descida, quando se vem pisando no freio, momento em se sentem quase insignificantes “seguradinhas” em cada passagem descendente de marcha.

É algo praticamente insignificante e que em nada influi na sua relação com o carro.

Quanto ao motor, o desempenho diferenciado continua sendo marca registrada, com arrancadas e retomadas vigorosas, as quais não fosse o elevado peso do carro, o transformariam em um esportivo nato facilmente.

Mas a unidade de força não esteve livre de ocorrências até os 60 mil km. Vamos a elas:

– desde novo, sempre notei um ruído de funcionamento nos primeiros 30 a 40 segundos após o carro passar período maior desligado (de manhã, por exemplo), como uma batida de pino, a qual só cessava após esses segundos, mesmo com o veículo em movimento.

Como foi algo que nunca me incomodou, deixei para relatar o problema na revisão de 40 mil km, uma vez que a garantia estava prestes a findar. Fizeram o diagnóstico e determinaram a troca do comando da correia, o que definitivamente resolveu o problema;

– como já narrado, aos 54 mil km a correia poly-v se rompeu, determinando a imobilização do veículo e seu deslocamento até a concessionária para substituição. Ter seu veículo imobilizado nunca é agradável;

– aos 58 mil km, em uma frenagem após uma aceleração mais forte, surgiu um aviso no painel: “defeito no motor: reparar”, com imediata perda de potência do carro, que parece ter entrado em algum modo de segurança.

Fui até a concessionária, em minutos diagnosticaram defeito na válvula “blow off”, mais conhecida como válvula de alívio do turbo. Já era fim do expediente, substituíram em uma hora no início do dia seguinte e tudo voltou ao normal.

Fiz uma viagem no mesmo dia em que retirei o carro reparado da concessionária: 2000 quilômetros (Goiânia – Caeté – Goiânia) e tudo ok.

Aí está o resumo das ocorrências ligadas ao motor. Nada de sério, mas foram significativas em número, considero eu. Vale o registro de que nas proximidades da revisão de 50 mil km o painel indicou “completar nível de óleo” logo após uma partida à frio (o diagnóstico é feito em todos os procedimentos de partida, com a mensagem corriqueira de “nível de óleo correto”).

Não sei dizer ao certo se foi mesmo consumo do fluido ou falta de complementação do mesmo quando da troca do conjunto da polia, que foi efetuada alguns dias após a realização da revisão de 40 mil km, aguardando a chegada das peças.

De toda sorte, é comum na internet relatos de consumidores proprietários de carros com motores THP sobre consumo significativo de óleo entre as trocas programadas. Vou ficar de olho.

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Suspensão, direção e freios

No que tange à suspensão, já tinha narrado em relatos anteriores a ocorrência da troca de amortecedores dianteiros em garantia aos 20 mil km, como consequência de uma queda em um buraco de enormes proporções com o carro cheio.

Isso acabou por determinar dano em um pneu (saliência lateral) e em duas rodas (empenamento), além de um ruído de folga progressivo na coluna direita da suspensão.

Após esta ocorrência, nada mais a relatar com relação à suspensão até o presente momento. Não há folgas no conjunto e nem foi necessária qualquer outra manutenção ao longo dos 60 mil km.

Vale o registro de que o jogo de pneus é consumido em média a cada 30 mil km, aproximadamente, sendo que acabei de entrar no terceiro. O desgaste é totalmente regular, revelando bom acerto na geometria da suspensão.

Por certo que o desempenho diferenciado do carro, seu peso acima da média e o fato de seu uso se dar em grande parte do tempo em ambiente urbano, colaboram para a quilometragem relativamente reduzida de duração do conjunto. Os pneus 17” também nunca são exemplo de durabilidade.

Quanto à direção eletro-hidráulica, nos relatos anteriores tinha narrado algo a respeito de um comportamento que não gostei no C4: a imprecisão da mesma. Em velocidades maiores, meio que inexplicavelmente, havia uma sensação de insegurança, fazendo com que se tornasse algo incômodo tirar uma das mãos do volante.

Acabei colocando na conta do que seria uma “característica do modelo”.

Eis que antes da revisão dos 30 mil km, notei um quase insignificante “rangido” em manobras com o carro parado, com um breve ruído quando se esterçava o carro de um lado para o outro, mais ou menos no meio do curso. Mas era algo realmente só perceptível a mim.

Relatei o breve ruído por ocasião da revisão, mas sem muita ênfase. Pois ordenaram a troca da caixa de direção em garantia, sendo que para a minha grata surpresa a tal característica da “imprecisão” desapareceu.

O comportamento dinâmico do carro mudou para muito melhor, e não tive qualquer outra ocorrência com o sistema.

No quesito freios, muito eficientes sempre, sem nenhum detalhe a frisar. A troca das pastilhas dianteiras ocorre a cada 25 mil km, em média. É mais ou menos o que tive no meu carro anterior (Jetta aspirado), mas a mim ainda parece um consumo elevado.

Tudo bem que minha utilização do veículo e muito urbana, mas ainda assim esperava que durassem mais. O peso elevado do carro com certeza é preponderante nesta questão.

Pós venda da Citroen

Em termos de atendimento em concessionários, posso me dizer satisfeito com o que tive até agora na Saga France de Goiânia (único representante por aqui). O atendimento é cordial, não há “empurroterapia”, há agilidade nos serviços e precisão nos diagnósticos.

A disponibilidade de peças de reposição nunca chegou a afetar o uso do veículo, a tabela de preços de revisão (salgada, em minha opinião) é seguida à risca, e um ponto negativo que tinha relatado em outra oportunidade, que era a não oferta da lavagem do veículo em revisões, foi revisto e corrigido.

Como registro negativo fica a ruptura da correia poly-v aos 54 mil km: o carro tinha recém passado pela revisão de 50 mil km, onde por certo deveria ter sido avaliado o componente, que provavelmente já deveria apresentar sinais de desgaste acentuado.

Para a mesma ocorrência, o registro positivo: com o carro imobilizado, liguei na concessionária para relatar o problema, mandaram eu ligar no 0800 da Citroen, sendo que informei que o carro não mais se encontrava em garantia.

Grata surpresa: a montadora reserva ao Lounge serviço de guincho grátis por 8 anos até 100 km de distância de um concessionário. Em 20 minutos tinha um guincho buscando o carro e me levando até o concessionário.

Como eu disse, nunca é agradável ter seu carro imobilizado em uso, mas esse tipo de mimo minimiza a má sensação do momento.

Algumas ressalvas sobre o modelo

Vale a citação de algumas ressalvas sobre o uso cotidiano do carro as quais poderiam ser alvo de maior cuidado por parte da montadora:

– a falta de um botão físico na tampa do porta-malas para abri-la é triste. Ou se abre no painel ou na chave. Faz muita falta, sempre;

– os pontos de travamento do cinto de segurança traseiro são ergonomicamente horríveis: embutidos dentro do banco, tornam a tarefa de atá-los sempre muito desagradável, em especial quando o carro é ocupado por 5 pessoas;

– a buzina é muito chata de ser acionada, tendo que ser apertada com muita decisão para que funcione;

– a multimídia é lenta em seu “restart”, demorando algumas vezes para ser reinicializada, o que incomoda pelo fato de possuir as informações de auxílio de manobra, as quais quase sempre são necessárias logo que se liga o carro, para se sair de uma vaga ou de uma garagem. Aqueles 10 a 20 segundos esperando ela ligar irritam;

– nada justifica o C3 de 4 marchas contar com aletas para troca de marchas ao volante e o Lounge não disponibilizá-las;

– os botões de abertura interna do tanque e do porta-malas estão dispostos de uma forma que fazem com que você os acione de maneira trocada corriqueiramente (quando quer abrir o tanque, abre-se o porta-malas ou vice-versa). Isso é muito chato;

– considero o vão da porta do motorista algo “estreito”. O design do carro lhe confere um vinco pronunciado na “linha de cintura”, sendo que é muito normal que ao se adentrar no veículo, em especial quando há algum objeto no bolso direito (celular, carteira ou mesmo a chave do carro), se esbarre na lataria. É uma característica tão presente que o meu carro ostenta a tempos um pequenino “lascado” (é mínimo mesmo, mas eu noto) na região;

– não custa reforçar a questão do consumo do modelo já citada nos relatos anteriores: elevados 7 km/l (muitas vezes até menos) em ambiente urbano pesado, até 9 km/l em ambiente misto e razoáveis 12 km/l em média em uso rodoviário com o veículo carregado, ar ligado e velocidade entre 110 e 120 km/h. O meu não é flex.

Pontos positivos

Em contrapartida, posso citar como pontos muito positivos de utilização o excelente piloto automático com acionamento por botões na frente do volante, os ótimos comandos de mídia também na frente do volante e o grande conforto interno e o requinte interior do modelo.

Isso tudo seja no que tange aos materiais utilizados, seja com relação ao design dos componentes, seja no que diz respeito ao espaço para os ocupantes e bagagens.

Os numerosos botões físicos de controle da mídia no painel iluminados em laranja conferem um ar de sofisticação ao carro que não se vê com facilidade no mercado atualmente (visto que as telas touchscreen tomam conta do ambiente interno dos veículos cada vez mais conectados).

Mas sua operação é bastante intuitiva e simples, sem muita confusão, denotando boa ergonomia ao geral ao modelo.

Resumão

Carro muito bom, agradável de conduzir, confortável em seu interior, dotado de um nível de equipamentos excelente, com pós-venda ok, ocorrências em número que considero como significativo, mas sempre resolvidas a contento, com agilidade e precisão pela revenda autorizada.

O atendimento em garantia sempre foi muito cordial, sem empecilhos significativos para a resolução de qualquer detalhe.

Enfim, ainda não achei uma justificativa razoável para a reserva que o brasileiro tem com relação aos carros da montadora francesa ou com o atendimento em concessionários da mesma.

Na forma em que o carro se encontra, ainda pretendo ficar com o mesmo por mais algum tempo, algo que a muito tempo eu não fazia (meus últimos 3 carros foram trocados antes dos 60 mil km). Quando efetuar a troca, voltarei ao site para narrar minha experiência na revenda do modelo, outro ponto que acho ser de interesse geral.

Desculpem pelas fotos com o carro sujo, mais não tive tempo de capturar imagens com ele limpo.

Em breve farei outro relato com as experiências vividas até os 60 mil km de utilização de um Peugeot 208 Griffe automático 2015/2016, que é o outro carro da família no momento. Faltam cerca de 1000 km para que a quilometragem seja efetivamente atingida.

Abraços a todos.

Por Ubaldir Junior

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.