O Kia Niro é parte da estratégia da marca coreana no Brasil, focada em eficiência energética por meio da eletrificação e esta proposta do crossover em específico é a hibridização.

Do tipo HEV, o modelo asiático aposta não só na tecnologia, mas num design realmente ousado.

Ainda que seu visual seja um pouco fora da curva, o Kia Niro tem um ar discreto, talvez em virtude da própria marca, não dada a criar polêmicas como a Hyundai e ainda sustentar em seu DNA, os genes de seu atual presidente, o designer alemão Peter Schreyer.

Essa coisa alemã ainda pode ser notada no Niro, que disfarçadamente se apoia num conjunto híbrido comum com motor 1.6 GDI e um elétrico que lhe soma 141 cavalos.

Espaçoso e com porta-malas adequado, o crossover da Kia chegou à nós na versão SX Prestige com pintura em dois tons, cujo preço sugerido é de R$ 224.990.

Ainda assim, quem se interessar pelo Kia Niro, as ofertas começam na versão EX com preço de R$ 199.990.

Índice

Estilo ousado

O Kia Niro é um produto que nasceu para ser híbrido e a marca quis mostrar isso com uma proposta de design diferenciada, com frente dotada de uma grade superior com frisos integrados com luzes diurnas em LED.

Nas extremidades, molduras pretas full LED com luzes de condução diurna num fundo preto, com grade centralizada e detalhes em preto brilhante de ótimo aspecto, com faróis de neblina em LED meio que adicionadas a esmo.

Com formas robustas, o Kia Niro foca nas colunas C largas, que remetem à segurança e confiabilidade, sendo elas em cor diferenciada nessa versão. Essas colunas sustentam as lanternas em LED verticais, que em realidade são laterais.

Para enfatizar sua importância, os batentes das portas traseiras possuem defletores de ar e a outra parte do carro na mesma cor, apenas na base das portas. Rodas de liga leve aro 18 polegadas possuem design atraente.

Atrás, o para-choque volumoso também tem acabamento em preto brilhante e as luzes de neblina e refletores, incluindo as luzes de ré, remetem em aspecto aos faróis dianteiros.

Tendo barras no teto, defletor de ar longo, retrovisores grandes e maçanetas volumosas enfatizam a robustez visual. No teto, um vidro simples do teto solar elétrico.

Dentro, o Kia Niro tem um ambiente moderno com painel de cockpit digital com cluster e multimídia em telas paralelas, sendo o primeiro com design semelhante ao do Hyundai HB20.

Esse display é digital, mas ainda muito simples em comparação ao 3D visto na versão Rio Open. Deveria ser o mesmo desta última por ser a versão topo de linha regular.

Já a multimídia com projeção para Android Auto e CarPlay, tem ainda a função sons da natureza para maior relaxamento, além de detalhes do sistema híbrido e câmera de ré.

Abaixo, o display do ar condicionado dual zone tem dupla função, com controles de mídia também.

O volante de dois raios tem um visual bonito e revestimento em couro, além de comandos do controle de cruzeiro adaptativo, ajustes de faixa, modo de condução e paddle shifts.

O console tem recarga indutiva de smartphone e botão giratório de marchas. Pedais e apoio de perna esportivos e um detalhe visual de LED no painel também estão incluídos.

No Niro SX Prestige, os bancos em couro possuem ajustes elétricos na frente, tendo ainda o acabamento do encosto do passageiro com entrada USB, enquanto as portas possuem revestimento lateral de aparência duvidosa, não contribuindo para uma boa impressão.

Com teto solar simples, o habitáculo só chama atenção mesmo pelos apoios de cabeça dianteiros avançados.

Atrás, o espaço para pernas é ótimo, com bom conforto no banco bipartido sem apoio de braço central, mas pelo menos existem saídas de ar condicionado.

Já o porta-malas tem 425 litros com tampa de abertura elétrica tanto pela chave e comando interno, como por sensor. Chama atenção a cobertura maleável sobre o compartimento.

Focado no consumo

O Kia Niro tem lá fora uma versão 100% elétrica, mas para o Brasil, a escolha mais viável foi a híbrida HEV, que usa motor térmico e também um elétrico, usando ainda uma bateria de lítio.

O propulsor é o Kappa 1.6 GDi de quatro cilindros com injeção direta de combustível com 1.580 cm³, entregando 105 cavalos a 5.700 rpm e 14,7 kgfm a 4.000 rpm.

Além disso, há um motor elétrico de 44 cavalos e 17,3 kgfm, com uma combinação de 141 cavalos e 27 kgfm, alimentando por uma bateria de lítio de 1,56 kWh. O câmbio é automatizado de dupla embreagem com seis marchas.

Este conjunto entrega um desempenho mediano ao Kia Niro, com modos de condução Eco e Sport, usando basicamente o motor elétrico na maior parte dos deslocamentos em cidade, com baixo ruído do motor 1.6 quando entra em funcionamento.

As saídas são boas graças ao propulsor elétrico, com a transição suave entre os dois.

Apesar dos 1.394 kg, o conjunto híbrido do Kia Niro não tem um modo elétrico ativo, com a entrada de energia sendo gerenciada pelo próprio software de bordo.

Com a bateria de lítio, pode-se rodar alguns quilômetros no modo elétrico, mas não há um alcance definido, dependendo mais do nível carga da célula de energia. O limite de velocidade é de 120 km/h para o propulsor elétrico.

O modo Eco atenua um pouco a força, enquanto o modo Sport garante boas saídas e maior agilidade, deixando uma sensação boa ao acelerar.

No entanto, a limitação se vê em giros mais altos e, mesmo com transmissão de dupla embreagem, o desempenho é apenas adequado para uma proposta de eficiência, indo de 0 a 100 km/h em 10,8 segundos com final de 175 km/h, segundo dados oficiais.

Em consumo, na cidade, o Kia Niro fez 20,4 km/l de média, enquanto na estrada, a 80 km/h, o crossover fez 22,1 km/l, com 20,8 km/l a 100 km/h e 17,6 km/l a 120 km/h.

Números ótimos para um crossover de 4,420 m de comprimento, 1,825 m de largura, 1,545 m de altura e 2,720 m de entre eixos.

Com direção leve e responsiva, o Kia Niro tem uma boa condução na cidade e na estrada, com freios bem ajustados e suspensão adequada para pisos brasileiros, mesmo bloquetes e paralelepípedos.

Tem boa altura livre do solo, dando mais segurança e conforto na passagem de lombadas.

Na estrada, tem força extra para ultrapassagens e retomadas pontuais, além de boa estabilidade em curvas com pneus 225/45 R18. Com posição de dirigir adequada, o Niro é um convite para uma direção eficiente e agradável.

O Kia Niro vem ainda com bom pacote ADAS com controle de cruzeiro adaptativo com manutenção de faixa avançada, ajustando bem direção, freios e aceleração.

Na estrada, esse pacote confere ao Niro um nível de condução assistida de alto nível.

Plug-In seria desejável

O Kia Niro chegou ao Brasil em 2022 com uma boa proposta, incluindo um preço interessante de R$ 204.990, porém, a marca não esperava a chegada forte dos chineses de BYD e GWM, que logo colocaram o mercado abaixo.

Diante de players como Song Plus e Haval H6, o coreano perdeu o brilho muito rapidamente.

Ainda que o H6 comece agora em R$ 214.990 e seja igualmente um híbrido HEV, ele tem o peso do marketing pesado da marca chinesa, enquanto o Song Plus tem preço de R$ 229.800.

Este, no entanto, é híbrido plug-in com 1.100 km de autonomia contra algo em torno de 800 km do Niro.

Não é uma situação fácil, ainda mais quando estes chegam em volumes enormes e sem limites de vendas para 2024, diferente do Kia Niro, do qual não se espera uma competição em vendas.

Apenas 52 foram vendidos em abril contra 1.699 do SUV do BYD e 1.202 do modelo da GWM.

Na versão EX, o Niro custa bem menos que os chineses, mas seria preferível que a versão plug-in pudesse ser vendida no mercado brasileiro e pelo mesmo preço, de modo a obter vendas melhores.

Pouco visto nas ruas, o crossover da Kia pode futuramente ter uma versão flex, mas no momento, somente com gasolina, é uma alternativa boa com uma marca já conhecida no mercado.

Vale a pena o Kia Niro? Na versão EX de R$ 199.990 vale mais por custar menos. Em resumo, sim.