Gol quadrado: a história de um dos mais vendidos da VW

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Quando fora lançado em 1980, o Gol quadrado tinha a importante missão de se tornar o herdeiro do consagrado Fusca. Uma missão difícil, porém, cumprida com êxito.

Como todo novo projeto, a Matriz alemã queria que o novo modelo, tivesse embasamento em algum projeto local, como de fato ocorreu.

O novo modelo Gol quadrado teria um motor e tração dianteira, e alguns elementos que já estavam nas prateleiras da Volkswagen, como o Passat, Golf e Scirocco, até mesmo com alguns poucos elementos do Audi 50, que deu base em termos de estilo e carroceria para o Volkswagen Polo.

Leia também: Gol 94, o último ano do quadrado

Gol quadrado – história

Como já sabemos, tudo se iniciou por volta de 1975, com a ideia de se ter um novo modelo compacto, mas o que poucos sabem, é que tanto Golf, Scirocco, e o próprio Gol, tiveram um antecessor em comum, o modelo EA276 de 1972, meio desengonçado e com proporções ainda um tanto exageradas, como todo bom conceito.

Veio dele também por assim dizer, a essência de estilo hatchback. Explico, nesse conceito, a carroceria com caimento do teto mais angulada e curta, maior área envidraçada, denunciavam que dali sairiam 3 modelos de grande sucesso.

Ele também foi o primeiro protótipo da Volkswagen a ter um motor dianteiro, flat 4 refrigerado a ar, que em tese era uma variação do motor do Fusca. Em termos estéticos, o Gol tinha muita semelhança com o EA276, muito mais ate do que o Golf por exemplo, que seu design ficou a cargo de Giorgetto Giugiaro.

Já a base, vinha do Polo, que usava também na época motores arrefecidos a água. Já na questão do estilo, mesmo tendo muito em comum com o protótipo EA276, o nosso Gol quadrado, bebeu da fonte de estilo do Scirocco.

Outro detalhe interessante, foi que em 1981, a Volkswagen lançou a primeira reestilização do sedan do Polo, chamado Derby, que ficou a cara do nosso primeiro Gol. Para quem se pergunta como seria um Voyage dessa primeira versão do Gol, podemos imaginar ao olhar para o Derby.

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Gol quadrado – versões

  • Gol 1000
  • Gol C
  • Gol CL
  • Gol GL
  • Gol GT
  • Gol GTS
  • Gol GTI
  • Gol L
  • Gol LS
  • Gol Plus
  • Gol S
  • Gol Star

Gol quadrado – motores

  • Gol 1.0
  • Gol 1.3
  • Gol 1.6
  • Gol 1.8
  • Gol 2.0

Gol quadrado – anos

O Gol quadrado foi vendido entre 1980 e 1996 (em 1995 e 1996 o modelo era vendido apenas na versão Gol 1000, junto com o Gol bola).

Gol quadrado nos anos 80

Ate o lançamento, sabia-se então que o Gol quadrado teria motores arrefecidos a água, tração dianteira, e base inspirada no Polo e design semelhante ao do Scirocco. Já o nome, veio da tradição da marca em batizar seus modelos com nomes de esportes, como Golf, Scirocco e Derby.

E para não fugir da paixão nacional, nada mais obvio do que dar a um modelo que tinha como objetivo, vender e ser mais moderno que o Fusca já foi, Gol, já estava na cabeça e no coração de todos os brasileiros, e em breve em suas garagens.

Lançado com motor 1300 de apenas 47 cavalos, que lhe rendeu o carinhoso apelido de chaleira ou batedeira, devido ao seu barulho um tanto incomum para um veículo, o primeiro Gol quadrado não foi tão bem em vendas como fora esperado pela marca.

No ano seguinte, um novo motor, oriundo da Brasília – que fez com que o modelo saísse de linha -, o famoso 1600, com seus 67 cavalos, ainda refrigerado a ar, dava um gás a mais para o pequeno da Volks, Gol quadrado. Ainda em 1981, um ano depois do lançamento do Gol quadrado, a família começava a crescer, vinha então o Voyage, e em junho do ano seguinte, a saudosa Parati, ambos com os quatro cilindros em linha de 1.5 litro e 65 cavalos. Já a picape Saveiro, veio em setembro de 82, apenas com motor refrigerado a ar.

Em 1982, vinha a primeira série especial do Gol quadrado, o Gol Copa, que trazia rodas de liga leve, para-choques na cor do veículo, forração especial e faróis de neblina, fora outros detalhes estéticos alusivos à Copa.

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Já em 1984, o Gol quadrado ganhava uma nova versão denominada BX, que utilizava ainda o motor 1600 a ar. No ano seguinte, veio as versões L e LS com câmbios de 4 e 5 marchas, que já tinham sido estendidos ao Voyage, Parati e Passat.

Desse ano, o modelo ganhava também os mesmos para-choques e faróis idênticos ao do Voyage, abandonando de vez os repetidores de seta laterais do modelo. Outro ponto interessante, foi a mudança do estepe que ficava no cofre do motor, para dentro do porta-malas.

Neste mesmo ano, veio a versão GT do Gol quadrado, com motor 1.8 de 99 cavalos declarados pela Volkswagen, porem com uma ressalva, devido as normas da época em quesitos tributários, motores com maior potência, tinham que pagar mais imposto, logo, a Volkswagen declarava que seu motor 1.8 do Gol GT ~~ostentava~~ apenas 99 cavalos, quando na verdade ele passava dos 110.

A primeira reestilização do Gol quadrado, acontece em 1987, quando o modelo já portava um motor refrigerado a água, de 1.6 litros com bons 81 cavalos. Com um novo desenho dos para-choques e lanternas maiores, o novo Gol quadrado, ganhava as ruas.

Já seu interior, mudava em 1988, e novas versões foram criadas para substituir antigas, como no caso da GT, que passou a ser GTS, que contava com acabamento mais esportivo, o famoso estampado xadrez, visto no Golf GTI.

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Por falar no mito, foi neste ano que nasceu o maior esportivo nacional de todos os tempos, aclamado por gerações, o Gol GTi – com i minúsculo mesmo, que indicava a adoção de um sistema de injeção eletrônica – o primeiro em um veiculo nacional. O famoso motor AP 2000i, tinha bons 120 cavalos e vinha do Santana, que tinha forca mais do que suficiente para levar o Gol até os 185 km/h. Lançados com um belo tom de azul, chamado de Azul Mônaco, com detalhas na carroceria em prata, o modelo era figurinha fácil nas ruas brasileiras.

No final daquele ano, o modelo de entrada CL, perdeu o motor AP1600, para dar lugar ao 1.6 CHT de origem Ford, que passou a se chamar AE1600. Que também era usado nos Ford da época. Graças a Autolatina, ambas as empresas se beneficiaram dessa joint-venture. Em 1988, o Gol, passa a usar o mesmo painel de instrumentos vindo do Santana CL, abandonando o anterior que era compartilhado com a Variant.

De 1989, o Gol ganhava a versão Star, que foram fabricados apenas nas cores branco e vermelho, no interior, o modelo vinha com bancos com forração especial, inclusive nas laterais e portas em tons de cinza e vermelho, estampados com o logo Star nos bancos.

O quadro de instrumentos com conta giros e relógio digital, era idêntico ao do GTS. Com motor 1.8, a gasolina ou a álcool, ele não fazia feio na estrada. Faróis e lanternas também vieram do GTS, fume na traseira e brancos na dianteira.

Um dos opcionais mais legais dessa versão, eram suas rodas pingo d’água de 14 polegadas, dos modelos GTi e GTS, volante ~~4bolas~~ do Santana, faróis auxiliares embutidos na parte inferior do para-choques.

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Gol quadrado nos anos 90

Há 27 anos, o Gol quadrado ganhava sua segunda reestilização na primeira geração do modelo. Os faróis passam a ser mais estreitos e arredondados, o que lhe deu o apelido de ~~chinesinho~~, contava também com lanternas de indicação – pisca – com cor âmbar, uma vez que o seu sedan, o Voyage tinha que obedecer ao mais rigorosas para ser exportado para os Estados Unidos. La ele ganhava o nome que aqui só ouvimos falar em 2003 – Fox.

Nesta reestilização, não houve grandes mudanças nas lanternas e para-choques traseiros, já o Gol GTi, ganhava uma paleta de cores com mais variações, uma vez que o modelo lançado em 1988, só contava com a opção do Azul Mônaco.

Em 1992, todas as versões do Gol quadrado, ganham catalisador no escapamento e um novo emblema com o nome ~~catalisador~~ estampado na traseira do veículo. Foi em 1993, por conta da Autolatina, que a Volkswagen converte o AP1600 para o AE1000, visando maior economia e redução de custos, com algumas perdas, dentre elas, de potência, já que os modelos dotados desse motor, tinham apenas 54 cavalos, o que era pouco para levar o veículo, mas ganhava em incentivos fiscais, uma vez que modelos dessa cilindrada eram destinados a frotas de empresas e instituições governamentais. Esse modelo em questão, teve seu fim em 1996, sendo substituído novamente pelo AP1600, disponível para a versão básica chamada CL.

Em ano de Copa do Mundo – 1994 – o Gol se vestia a caráter para dois eventos grandiosos, a vitória da Seleção Brasileira e o titulo de Tetra Campeão, e a sua despedida da primeira geração que se deu inicio em 1980. Também fora nesse ano, que este modelo, usava o AP1600, com exceção para o Gol 1000, que seria fabricado ate meados de 1996.

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Gol quadrado – chegou o Gol Bola

Com a premissa de se tornar o próximo hit, o Novo Gol de 1994, veio com um design totalmente renovado, mais arredondado, que lhe rendeu um novo apelido carinhoso, o Gol Bola, ou Gol Bolinha.

Mesmo dotado de uma nova carroceria e uma nova linguagem de design, a plataforma ainda era oriunda da primeira geração, por conta de custos e produção em larga escala.  Graças ao novo desenho da carroceria, o Gol, ganhava mais espaço interno, melhor acomodação para as bagagens e novos itens de segurança.

O modelo, chegava ao mercado nacional em 6 versões distintas. São elas, 1000i, 1000i Plus – com o motor 1.0 – CL 1.6, CL 1.8, GL 1.8, e GTI 2.0 – agora com o I maiúsculo. A geração anterior, agora apelidada de caixinha, ou gol quadrado, seguia como a versão de acesso e destinada a frotas.

Em 1996, o mundo conhecia a segunda encarnação do famoso Gol GTI, agora dotado de um novo motor 2.0 16 válvulas e com 145 cavalos, o modelo ganhava o mesmo propulsor do Golf Alemão.

Para que tal adaptação fosse feita, houve a adição de um calombo no capo, para acomodar melhor o alto e largo cabeçote do motor. Já a versão mais mansa do modelo, vinha com um motor 2.0 8 válvulas com 120 cavalos, que há época, brigava com outros esportivos, tais como Fiat Uno Tubo i.e, Chevrolet Kadett GSI e Ford Escort XR3.

Fora em 1997, que o Gol ganhou injeção eletrônica multiponto, em todos os motores da linha, mudando também suas nomenclaturas, como por exemplo, a CLi, passou a se chamar CL 1.6 MI. A versão GL, também ganhava uma nova motorização 1.6, uma vez que a versão dispunha somente do motor 1.8.

Desta geração também vieram outras series especiais que marcaram época no Gol, como a Rolling Stones, que tinha detalhes que remetiam ao festival de música Hollywood Rock 95.

Nem só de Copa vive o Gol, em 1996, o modelo ganha uma serie especial para celebrar as Olimpíadas que estavam sendo disputadas na cidade americana de Atlanta, na Geórgia. O modelo contava com motores 1.6i e 1.8i, a perua Parati, também ganhou uma serie especial para celebrar esse evento olímpico.

Em 1998, a versão que fora sucesso cerca de 10 anos antes, a Star, voltava a ser oferecida nos concessionários da marca. Utilizava o já conhecido 1.6 MI, e contava com vidros verdes, ar quente, limpador, lavador e desembaçador traseiro, aerofólio, saias esportivas, faróis do Gol GTI, com auxiliares embutidos, agora distribuídos em novas cores, vermelho, branco – tradicionais – e as novas pratas, vinho e azul.

Seguindo uma nova tendência de mercado, que até então era ignorada por quase todas as marcas, o Gol Bolinha, ganhava sua primeira variante com 4 portas.

O Gol hoje

Depois do Gol quadrado vieram o Gol G2, ou Gol Bola, o Gol G3, o Gol G4 e também o G5. Mercadologicamente falando, o atual Gol, esta na sua 5 geração, mas no quesito histórico e real, o modelo esta em sua 3 geração, uma vez que o modelo só trocou de carroceria 3 vezes. O que nos deixa apenas com algumas inovações de 1994 ate 2008, quando o modelo realmente trocou de carroceria e plataforma.

Podendo adotar por exemplo air-bags, item que não era oferecido em nenhuma geração antes, bem como a inserção de um cambio automatizado de 5 marchas – o iMotion – Sistemas de som e de navegação com integração para smartphones e motores tri cilíndricos mais modernos e condizentes com a nova política de consumo e emissão de poluente.

Ele foi o precursor de tecnologias hoje presentes em todos os modelos compactos a venda, como adoção de motores bicombustíveis, motores de 1000 cilindradas com opção de 16 válvulas – essas já descartadas – e variantes 1.0 com opção turbo, hoje com três cilindros e potencias que passam dos 120 cavalos como no Polo 200TSI, por exemplo.

Foi com ele também, que se popularizou as versões esportivas de verdade, com motores com potência real para competir com modelos até então importados. Popularizou também tecnologias como a injeção de multiponto, hoje comum a todos os veículos. Nos deu também um gostinho de como seria ter um Golf GTI, mas em versão caseira e em tamanho mais compacto e nervoso.

Com mais de 8 milhões de unidades vendidas, o Gol conseguiu atingir novos patamares que seu antecessor, ficaria com inveja hoje em dia. Mesmo não sendo mais o modelo mais vendido do país, ele ainda ostenta o fato de ter ficado mais de duas décadas com vendas acima da média e líder no segmento de compactos em solo nacional.

Tanto e que com mais desses 8 milhões de unidades vendidas, eles seriam capazes de que se fossem enfileirados, de dar a volta ao mundo, ou de transportar populações inteiras de países como a Argentina ou a Polônia, com cerca de 40 milhões de pessoas.

E sem duvida o carro mais amado do país, com mais de 8 fã clubes exclusivos, com mais de 40 mil participantes. Tao amado, que sozinho superou em vendas o seu antecessor, com mais de 3,5 milhões de unidades vendidas.

Correspondendo a cerca de 13%, de toda a produção do modelo, em solo nacional. Também e o que tem maior numero de exportação, com cerca de 8,54 milhões de unidades exportadas, cerca de 16.4% de toda a frota.

Para as próximas encarnações do Gol, espera-se que ele traga as variantes do moderno motor tri cilíndrico TSI com potencias variadas entre 109 e 128 cavalos, a adoção de um câmbio automático de 6 velocidades, opção de duas portas e o que faria todos os entusiastas por carros pirarem, a volta do glorioso Gol GT, GTI ou GTS, que não se limitassem apenas a decorações e adesivos, mas sim em motores modernos e caixas manuais com bons acertos mecânicos.

Uma das ideias, segundo algumas especulações seria a adoção tanto do motor do Polo – 200TSI com 128 cavalos associado a um câmbio manual ou automático de 6 velocidades ou ainda o motor 1.4 TSI do Golf com 150 cavalos e cambio DSG de 6 velocidades. Mas isso são apenas desejos e especulações de quem é apaixonado por carro, como eu e você caro leitor. Mas de uma coisa podemos ter certeza, que o Fusca ficaria muito orgulhoso de saber como o Gol conquistou gerações e criou um enorme legado que ainda esta muito, mas muito longe de terminar.

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Categorias Gol

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Autor: Kleber Silva

Kleber, 28 anos, designer e apaixonado por carros desde pequeno. Formado em design gráfico pela UNIP, ouvinte assíduo de música pop e master chef nas horas vagas.