Mustang Shelby: a cereja do bolo da Ford

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O Mustang Shelby empolga muita gente, dentro e fora dos EUA. Esta variante de alta performance do clássico pony car americano tem muita história e três gerações para conta-la.

Se o muscle car icônico já é uma celebridade, o Shelby é a cereja do bolo, feito para quem quer ainda mais força do cavalinho da Ford.

Construído inicialmente pela Shelby American como uma proposta mais avassaladora do então recente bólido da Ford, a marca ligada às pistas retornou 35 anos depois por conta da própria Ford, na esperança de revive-la.

A ideia deu certo e agora o Mustang Shelby é parte integrante do desenvolvimento do produto, que de 2005 para cá, teve duas gerações.

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Nascido em Ionia, Michigan, o Ford Mustang Shelby hoje em dia é feito em Flat Rock, fábrica da Ford também em Michigan, mas com supervisão da Shelby American.

Este artigo vai contar um pouco da histórica desse clássico esportivo americano, que conquistou muitos fãs tanto no passado quanto no presente.

Mustang Shelby

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O Mustang Shelby é uma versão bem poderosa do clássico esportivo da Ford, tendo basicamente duas variantes históricas, a GT350 e a GT500 (foto acima).

Atualmente, apenas o primeiro está disponível para compra nos EUA, custando a partir de US$ 59.140 e feito com base na atual geração do Mustang.

Contudo, a Ford mostrou no Salão de Detroit de 2019 o Mustang Shelby GT500 2020.

Ele tem um aspecto ainda mais agressivo e um motor V8 5.2 Voodoo especialmente sobrecarregado para entregar nada menos que 720 cavalos e bater de frente com o Dodge Charger Hellcat.

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O atual Mustang Shelby GT350 2019 tem motor V8 5.2 Voodoo com 535 cavalos e 59,1 kgfm, sendo descrito pela Ford como o motor aspirado mais potente da história da marca, sendo capaz de alcançar 8.250 rpm antes da faixa vermelha.

Mas não se trata apenas de motor, o esportivo americano tem uma série de modificações que o deixam ainda mais nervoso.

Nisso, acrescenta-se poderosos freios Brembo com discos ventilados de 394 mm na frente e 380 mm atrás, fora as pinças de múltiplos pistões, feitas em alumínio.

A suspensão, por exemplo, é a MagneRide com amortecedores magnéticos, que alteram o perfil de condução do Mustang Shelby GT350.

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O câmbio manual de seis marchas é uma caixa mecânica chamada Tremec, desenvolvida para suportar as grandes cargas de força do Voodoo 5.2.

O Mustang Shelby GT350 2019 tem rodas de alumínio forjado com aro 19 polegadas e acabamento em preto brilhante, montadas com pneus Michelin Pilot Sport Cup 2.

Fora isso, o Mustang Shelby GT350 2019 tem ainda sistema de escape duplo com válvulas de equalização sonora eletrônicas, a fim de não só produzir um som melhor, mas também para ajustar as respostas do V8 5.2.

Além disso, o bólido tem pacote aerodinâmico com difusor de ar, spoilers pronunciados e aerofólio traseiro proeminente. Isso sem contar as faixas decorativas, alusivas ao modelo clássico.

Shelby American

GT350

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A descrição acima é do atual Mustang Shelby, mas em 1965, as coisas eram bem diferentes.

O clássico pony car ganhou a atenção de Carroll Shelby, famoso construtor de carros de corrida e que aproveitou o sucesso do AC Cobra para levar sua expertise para as ruas num carro de produção seriada e alto volume.

Assim, o Mustang Shelby GT350 surgiu em 1965 pela primeira vez, ostentando um V8 Windsor 289 de 4.7 litros, tendo este um carburador quádruplo da Holley, o que elevava a potência original de 275 cavalos para 310 cavalos.

O bólido ganhava ainda cabeçotes Tri-Y, bem como coletores de admissão modificados e freios a tambor traseiros maiores, usados no Ford Galaxy.

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Chamado de “Cobra Hi-Riser” pela área de marketing da Shelby, o GT350 de 1965 tinha ainda uma caixa manual de quatro marchas e eixo traseiro com diferencial de relação mais curta.

No ano seguinte, foram introduzidas algumas mudanças, como bancos mais confortáveis e transmissão automática de três marchas. Para as pistas, a Shelby fez 34 carros para competição, identificados como GT350R.

Os carros da Ford vinham de San Jose, Califórnia, sendo específicos para a Shelby modificar, porém, apenas em 1968, a planta de New Jersey forneceu as unidades.

Foram produzidos 562 exemplares em 1965 e outros 1.373 unidades no ano seguinte.

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Interessante é que a Hertz – locadora de automóveis – ganhou uma edição dourada para aluguel com 1.003 unidades, visto que a Ford era a principal acionista da companhia.

Recentemente a Ford criou uma edição especial em homenagem ao modelo de locação dos anos 60. Este ficou conhecido na época como GT350H.

Com uma variante conversível, colocada junto com o fastback, o Mustang Shelby clássico teve 2.374 unidades feitas em 1966, sendo uma parte ainda ganhou supercharger para elevar a potência até 447 cavalos.

Se o GT350 já parecia bem legal para o consumidor americano do final dos anos 60, a Shelby ainda queria mais.

GT500

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A Ford tinha uma linha de motores Big Block chamada FE e a Shelby American viu vantagem nisso. Observando melhor o V8 428 de 7.0 litros, a empresa decidiu criar algo acima do GT350 tradicional.

O motor passou a ser chamado Cobra Jet 428 e foi equipado com dois cabeçotes especiais, além de um carburador de quatro corpos 735 CFM da Holley, superior ao 710 do Windsor do GT350.

Para resistir por mais tempo, o Cobra Jet 428 ganhara bielas reforçadas, porém, mais pesadas. Os coletores eram de alumínio.

Mas, a Shelby mudara o carburador para o 600 CFM da Holley e a potência alcançou 365 cavalos. Dessa forma, o poderoso GT500 estreou com 2.048 carros feitos em 1967.

O sucesso do “Cobra Jet” fez o nome acabar sendo adotado nas duas variantes em 1968.

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A Ford também se aproveitou do caso e passou a equipar alguns de seus carros com o Cobra Jet 428, porém, com menos potência.

Existia ainda o pacote de preparação da Paxton com supercharger que elevava a potência em 35 cavalos. Entretanto, a variante mais fraca, com 340 cavalos, foi usado no famoso GT500KR, que significa “King of the Road”.

O Mustang Shelby GT500KR estava disponível tanto na carroceria fastback quanto na conversível. Para poupar peso e aumentar o desempenho, ambos GT350 e GT500 passaram a adotar partes em fibra de vidro a partir de 1967, sendo elas capô, moldura frontal, entradas de ar laterais, painel traseiro junto das lanternas, entre outros.

Fim

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Em 1969, Caroll Shelby viu o contrato com a Ford expirar. Chamados simplesmente de Shelby GT350 e Shelby GT500, a dupla de esportivos agora tinha frente com prolongamento que encobria os faróis e a grade originais.

Isso também aumentou o tamanho do carro, que passou a medir 4,85 m contra 4,65 m dos anteriores.

Foram feitas pequenas mudanças no carburador e outras partes. A Shelby American produziu um lote extra dos Shelby GT350 e Shelby GT500 para o ano seguinte, sendo vendidos como modelo 1970.

Ao total, 789 carros conseguiram ser emplacados nesse ano.

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Caroll Shelby ainda vendeu nove carros, chamados “Shelby Europa”, para o mercado europeu através de um importador belga, recebendo estes os códigos “M” para os sete fastbacks e “H” para os dois únicos conversíveis.

Hoje são carros extremamente raros e caríssimos, dado seu pequeno volume e por serem oficialmente os últimos Mustangs clássicos que carregaram a cobra.

Os dois conversíveis H estão na Finlândia, mas um dos M desapareceu. Os demais estão no continente europeu. Estes carros eram baseados no Mustang 1971.

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Após os “Shelby Europa”, nenhum outro Mustang foi originalmente produzido por Caroll Shelby. Porém, isso não impediu que uma empresa particular modificasse carros usados, todos entre 1965 e 1968, convertendo-os em Mustang Shelby.

A Classic Recreations foi licenciada pela Shelby e fez suas próprias preparações com base nas originais, sendo elas denominadas Shelby GT500CR 545, Shelby GT500CR 900S, Shelby GT350CR e Shelby GT500CR 525 Limited Edition.

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Pouco antes da Ford assumir uma posição, a Shelby American e a Paxton criaram uma variante de alta performance baseada no Mustang V6 de produção vigente.

As modificações no chamado Shelby SC6 elevaram a potência para 355 cavalos, incluindo ainda suspensão rebaixada, escape de quatro saídas, discos de freio de 14 polegadas e aerodinâmica agressiva.

Além disso, a Shelby/Paxton ainda criou um Shelby SC8 com motor V8 4.6 preparado, mas em forma de kit de preparação.

São considerados carros bem raros hoje em dia, apesar da pouca idade. Esta foi a última tentativa da empresa de Caroll de emplacar novamente o nome a bordo do Mustang.

Ford Mustang Shelby

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Em 2005, enquanto a Shelby tentava alavancar sua proposta de um Mustang Shelby “original”, a Ford lançava no mercado americano a quinta geração do Mustang.

Mais purista, esse modelo chegou para colocar um fim à quarta geração, de linhas arredondadas e de estilo “New Age” de 1993.

Totalmente focado no modelo clássico, chegou até mesmo com suspensão traseira de eixo rígido, o que gerou enormes críticas da imprensa especializada americana.

A Ford se defendeu dizendo que o custo de um sistema multilink acrescentaria US$ 5.000 aos preços do Mustang.

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Como o carro era bem retrô, a Ford aproveitou e lançou edições especiais e versões específicas com grande ligação com o passado, como a Bullitt Edition, em homenagem ao filme de Steve McQueen, que estreou nas salas de cinema em 1968 e que tinha como carro do protagonista (Bullitt) um Mustang GT 390.

O GT Califórnia Edition e Boss 302. Porém, o Mustang V também trouxe de volta o nome Shelby, na foma do GT350.

Mustang Shelby – Segunda geração

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O Novo Mustang Shelby surgiu como uma homenagem da Ford para o esportivo de locação da Hertz, que em 2006 estava completando 40 anos.

Assim, no Salão de Detroit, a marca americana apresentou a versão Shelby GT-H. Pintado de preto e com dupla faixa dourada, ele buscava se unir com o clássico GT350H de 1966.

O Mustang Shelby GT-H usava motor V8 4.6 Modular com preparação especial para ganhar quase 30 cavalos a mais. O desenvolvimento partiu da Ford Performance e sem nenhuma participação da Shelby American.

A empresa adicionou o pacote FR1 Power Pack, que incluía diversos itens agregados ao sistema de refrigeração, alimentação e escape.

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Além disso, o Mustang Shelby GT-H  vinha com amortecedores diferenciados, molas menores, barras estabilizadoras maiores e diferencial traseiro 3,55:1 da Ford Racing.

A empresa fez 500 carros da versão cupê e criou uma edição especial do conversível com faixa azul para a Hertz em 2007, fazendo alusão ao modelo de 1968.

Chamado simplesmente de Ford Shelby GT, a versão regular da proposta feita anteriormente para a Hertz entregava 324 cavalos no V8 4.6 Modular.

Ele ainda tinha modificação no sistema de escape, suspensão e faixas decorativas em branco ou azul escuro, assim como várias cores diferenciadas para as duas carrocerias.

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O plano da Ford era produzir 6.000 carros no máximo e o Shelby GT, que ainda teve 215 exemplares exclusivamente assinados por Caroll Shelby a pedido de um grupo de concessionários do sul da Califórnia, que queria a versão homônima do Mustang com inspiração do preparador.

Cerca de 100 exemplares foram parar no famoso leilão da Barrett-Jackson, onde o Mustang Shelby GT ganhou uma edição especial, vendida por US$ 38 mil em parte do Arizona.

O preço regular na Califórnia, para o GT-C (assinado por Caroll) era de US$ 42 mil.

Várias modificações foram feitas a pedido de clientes nos carros vendidos através da Shelby Automobiles de Las Vegas, alcançando aí 461 cavalos.

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Um Mustang Shelby GT500 foi lançado em 2008 com motor V8 5.4 Modular devidamente preparado, alcançando 507 cavalos.

Desta vez, houve participação direta da Shelby e foram produzidos regularmente 10.000 carros até 2011. Nesse meio tempo, surgiu o GT500KR, que tinha supercharger e uma série de modificações.

Entregando nada menos que 547 cavalos, o GT500KR tinha pneus exclusivos Goodyear Eagle F1 Supercar.

Homenagem ao “King of the Road” de 1968, o Mustang Shelby GT500KR também foi utilizado na versão recente do seriado “Super Máquina” no lugar do antigo Pontiac TransAm preto, dos anos 80.

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Depois surgiu o Mustang Shelby GT500 Super Snake com supercharger e 613 cavalos, que podiam virar 735 cavalos num kit de sobrealimentação.

Foram criadas as séries Prudhomme Edition Super Snake e Terlingua. O GT350 retornou em 2011 com motor V8 5.0 Coyote de 435 cavalos, que recebeu pacote de preparação com até 533 cavalos. 

O GT500 de 2014 ganhou o novo motor V8 5.8 Trinity, que despejava nada menos que 671 cavalos, permitindo que o esportivo alcançasse 325 km/h.

O propulsor passou a ser regular no GT500, enquanto o GT350 ia de V8 5.0 Coyote. Os Shelby 1000 e 1000 S/C foram conversões da Shelby no GT500 com estimados 1.200 cavalos! 

Mustang Shelby – Terceira geração

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Como já descrito mais acima, a geração atual do Mustang Shelby contempla o uso do motor V8 5.2 Voodoo, mas chegou a ter edições com o V8 5.0 Coyote, regular do Mustang GT, como no caso do Shelby GT de 2015.

O mais surpreendente foi, no entanto, o Shelby GT Ecoboost com motor quatro cilindros 2.3 turbo de 340 cavalos, o único desse tipo na história. 

O Mustang Shelby Super Snake de 2016, alcançava com superchargers diferentes de 650 a 850 cavalos. Por fim, no mesmo ano, surgiu a versão regular, a atual GT350, que agora espera pelo GT500 2020, que promete dar sequência à saga da versão de alta performance mais famosa do Mustang. 

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X