Sistema de arrefecimento: ele pode fundir o motor do seu carro

Sistema de arrefecimento com tampa de expansão
Sistema de arrefecimento com tampa de expansão

Aqui na oficina, atendo em média cerca de 200 veículos por mês. Não há um mês em que não façamos um motor, seja de carro popular ou importado. O que eles têm em comum? A causa!

A maioria dos motores que precisam de reparo tem a mesma causa: falta de manutenção e acompanhamento no sistema de arrefecimento do veículo.

Esse custo para o cliente pode começar em 10 mil reais (em motores de baixa cilindrada e 3 ou 4 cilindros) e nos casos de veículos V6, pode chegar a R$ 20 mil e até R$ 30 mil para o reparo. Uma coisa tão simples como observar, apenas observar… passa despercebida pela maioria dos proprietários.

Mas às vezes não basta apenas olhar. Uma situação recente envolveu um cliente que verificou o nível do aditivo (é comum as pessoas chamarem de água do sistema de arrefecimento, mas o correto é aditivo com mistura de água desmineralizada) do radiador e estava no nível.

Sistema de arrefecimento sem pressão
Sistema de arrefecimento sem pressão

Os dois tipos de reservatório do sistema de arrefecimento

Entretanto, existem sistemas com certas particularidades. Por exemplo: nos sistemas da VW, Fiat, GM… há um reservatório pressurizado, chamado reservatório de expansão.

Outro sistema, como o da Toyota, Hyundai, Kia… possui um reservatório, mas este não é pressurizado.

No radiador, há uma tampa pressurizada que puxa o aditivo do reservatório quando necessário. E nesse sistema é onde temos grande parte dos motores que superaquecem e fundem.

Leia também: 11 dicas do sistema de arrefecimento

Leia também: o que é líquido de arrefecimento

Reservatório de arrefecimento sem pressão
Reservatório de arrefecimento sem pressão

Por que estes sistemas dão problema?

O motivo: a tampa que regula a pressão do sistema de arrefecimento, localizada no próprio radiador, possui uma borracha de vedação.

Com o tempo, essa borracha dilata, fazendo com que a pressão escape.

Com isso, o aditivo não é sugado e o ar entra no sistema.

Quando a válvula termostática se abre para fazer a troca de calor, ela puxa apenas ar, a temperatura sobe e quando a notificação aparece no painel, já é tarde demais. É o fim para o motor.

Válvula termostática
Válvula termostática

Outros pontos de vazamento

Outros pontos de vazamento comuns, mais fáceis de identificar e que não comprometem tanto, são os vazamentos nas conexões das mangueiras.

Outro ponto crítico que, neste caso, requer um especialista técnico para verificar, é a bomba d’água.

Como ela fica alojada junto ao motor, o aditivo vaza por ali, não chegando ao chão, e o proprietário do veículo não percebe. Quando se dá conta, o sistema puxou ar e o motor fundiu.

Como evitar um motor fundido

É possível evitar que isso ocorra? Sim, de maneira muito simples.

Mesmo que o reservatório possua aditivo, é necessário conferir a tampa de pressão do radiador (somente quando o motor estiver totalmente frio, preferencialmente antes da primeira partida do dia). Se você visualizar um líquido, está tudo bem.

Sistema de arrefecimento com reservatório pressurizado
Sistema de arrefecimento com reservatório pressurizado

Caso contrário, pegue uma garrafa com água do filtro da sua casa, e complete; observe a quantidade que será necessária. Se, por exemplo, forem necessários mais de 500 ml, a situação é crítica.

Leve o veículo a uma oficina de confiança e tente identificar para onde o aditivo está indo. É possível que a junta do cabeçote já tenha queimado.

É bastante comum em veículos populares, com pouco tempo de fabricação e baixa quilometragem (já peguei veículos com 4 anos e 50 mil km) nos quais o sistema de arrefecimento está completamente comprometido e oxidado, exigindo uma limpeza. Essa oxidação, dependendo da extensão, pode comprometer o resto da vida útil do veículo.

Bomba d'agua
Bomba d’agua

O caso de carros mais antigos

No caso de veículos mais antigos, que usaram água durante muito tempo, se você fizer uma limpeza e adicionar o aditivo, é bem provável que apareçam vazamentos, pois as partículas que poderiam estar vedando possíveis pontos de fuga foram removidas; isso inclui o selo do bloco do motor, por exemplo.

Se ocorrer um vazamento pelo selo do bloco, geralmente é necessário remover o motor para o reparo. No entanto, usar apenas água também prejudica. Nesse caso, o proprietário deve decidir com base em suas possibilidades financeiras.

Por que o alerta?

Mas por que estou fazendo esse alerta em um grande veículo de comunicação? Não seria mais fácil permitir que vários motores se fundissem para gerar lucro para as oficinas?

Eu digo a você que, quando o cliente chega à oficina nessas circunstâncias, a situação não é agradável… ou seja, é melhor fazer um reparo onde o cliente está ciente da manutenção preventiva do que um serviço onde o cliente está em uma situação crítica, com uma surpresa que pode comprometer significativamente seu orçamento atual. Essa situação não é benéfica para o negócio.

Portanto, aqui está o conselho: fique atento ao sistema de arrefecimento do seu veículo.

Mesmo que o manual diga para trocar somente a cada 100 mil km, 200 mil km… já nos deparamos com situações em que foi necessário fazer o reparo antes do prazo estipulado pelo fabricante.

E nesses casos, o reparo foi feito duas vezes com menos de 100 mil km (uma com menos de 100 mil, e outra próximo dos 200 mil km) devido à falta de observação e à falta de troca do aditivo. E isso aconteceu em um carro japonês muito aclamado por todos.

P.S.: Ah! E não me venha com a história de rodar com o veículo sem a válvula termostática para não superaquecer o motor… Você não está resolvendo o problema assim.

Por Rafael Andrade

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.