Fiat 147: um carrinho inovador para os anos 70 e 80

O Fiat 147 foi o primeiro carro que deu início as atividades da Fiat no país em 1976. Ele também foi seu maior trunfo e mostrou que a gigante italiana não estava para brincadeira.

Mas como toda boa história, a do Fiat 147 não começa em Betim – Minas Gerais em 1976. Ela começa na Itália, mais precisamente em abril de 1971.

Vamos falar primeiro a respeito do Fiat 147 aqui no Brasil, e depois você poderá ler a história do modelo lá na Europa, antes de chegar aqui.

Vamos lá!

Fiat 147 – O lançamento no Brasil

O primeiro modelo a estrear a planta da Fiat fora de Turim foi o Fiat 147 na planta de Betim em Minas Gerais.

Mas não foi só o Fiat 147 que sacudiu o mercado, a Fiat também mostrou a que veio, instalando sua maior fábrica fora do eixo Rio-São Paulo. A fábrica começou a operar com força máxima em 9 de julho de 1976, com o Fiat 147 como carro chefe da Fiat no Brasil.

Fiat 147 1976–81

Segundo relatos da própria Fiat, o Fiat 147, rodou mais de um milhão de quilômetros, para assegurar que sua estrutura era boa e de qualidade.

Durante o Salão do Automóvel de São Paulo de 1976, a fiat montou do lado de fora do Parque de Exposições do Anhembi, uma pista com cerca de 300 metros para que curiosos pudessem testar a novidade da Fiat.

Tinham cerca de 15 unidades de várias cores com técnicos da Fiat a bordo para levar os visitantes do Salão para conhecer a nova arma da Fiat.

Fiat 147 1976–81

Com 3,63 metros de comprimento, o Fiat 147 era cerca de 40 centímetros menor que o Volkswagen Fusca, e pesava menos, cerca de 800 quilos.

Com 2,40 metros de entre eixos, espaço era um dos seus chamarizes, nas campanhas publicitárias. Com linhas retilíneas, seguindo a escola europeia, a carroceria de dois volumes e três portas, o modelo era chamado pela marca de “semi-break” ou semi perua.

Diferente do seu irmão italiano, o Fiat 147 tinha faróis quadrados, com cantos arredondados, uma grade preta, com frisos horizontais, e luzes de indicação também retangulares alocadas acima do para-choque.

O painel do Fiat 147 era simples e modesto, no velocímetro havia um espesso ponteiro amarelo, que parecia ter saído de algum carrinho da Matchbox, e ele não continha marcador de temperatura do motor, apenas pequenas luzes espia, que foram adicionadas posteriormente.

Um ponto curioso da primeira versão do Fiat 147, era que ele tinha uma pequena lâmpada de alerta para reserva do combustível, e uma posição do interruptor de ignição para manter as luzes de posição acesas com motor desligado, item que passaria despercebido por muitos motoristas.

GLS

A curiosa solução visava a evitar que os motoristas esquecessem as luzes do carro ligadas ao sair, ao mesmo tempo em que permitia mantê-las assim caso solicitado.

Como já mencionado anteriormente, um dos maiores trunfos do Fiat 147 era seu espaço interno, que podia comportar até 5 passageiros sem aperto, o que não acontecia em modelos como Volkswagen Fusca e o Chevrolet Chevette.

Era o famoso pequeno por fora, grande por dentro.

O estepe do modelo era posto junto do cofre do motor, o que por sua vez liberava mais espaço no porta-malas, e facilitava a vida do motorista, caso em de uma viagem com o carro cheio, ele não precisaria descarregar o porta-malas, era somente abrir o capô e pegar o estepe.

Seus bancos traseiros, eram do tipo rebatíveis, o que facilitava o transporte de objetos maiores, como é usado atualmente por grande parte dos modelos vendidos. Outro ponto interessante na construção do Fiat 147, era que o vidro do para-brisas, era laminado, o que facilitava em caso de colisões frontais, o vidro não se estilhaçaria.

No quesito motorização, o Fiat 147 usava um motor de quatro cilindros, de 1048 cm³ instalado no cofre na posição transversal – item inédito em modelos nacionais – tinha 56 cavalos. Projetado pelo engenheiro italiano Aurelio Lampredi, que era especializado em motores da Ferrari, ele estreou no Fiat 147 brasileiro.

A suspensão era moderna, era do tipo independente nas quatro rodas do tipo McPherson, com molas helicoidais na dianteira e de feixe transversal na traseira com molas semielípticas. Item até então inédito em um veículo nacional de tração dianteira. Isso lhe garantia conforto aos passageiros e estabilidade na hora de fazer as curvas.

Ele ainda contava com pneus radiais, e rodas de aro 13. Um dos pontos a serem melhorados, segundo vários jornais e revistas especializadas na época do lançamento, era a caixa de câmbio, a direção e os freios do pequeno.

147 GLS

Mas isso não tirou o brilho do pequeno Fiat 147, que chegou a desbancar nomes de peso como o Volkswagen Fusca e a Brasília, em vendas. Para 1978, a gama aumentava, agora o modelo vinha uma versão mais simples, e outra mais equipada chamada GL.

Um pequeno furgão foi criado a partir do Fiat 147, ao cobrir as janelas laterais, da terceira porta – porta-malas – e não tinha o banco dos passageiros de trás, tudo para oferecer mais espaço para cargas. Essa versão foi amplamente comercializada por empresas e frotistas, e era baseado na versão Furgoneta do 127 italiano.

O único concorrente similar foi o Gol furgão, que foi vendido na década de 80.

Fiat 147 Pick up

Para se constituir família é preciso investir em outros nichos, e com o 147 não poderia ter sido diferente. Apresentada no final de 1978, a primeira picape derivada de carro de passeio, era lançada no país.

A pequena picape, tinha caçamba curta e tampa traseira que abria para o lado, e até dividia as mesmas lanternas do modelo da qual deriva, por conta de economia de custos. Ela transportava até 650 litros – cerca de 450 kg de carga, o que era um volume bastante considerável para um carro derivado de um hatch e com dimensões tão pequenas.

Os motores eram os mesmo do Fiat 147, 1.05 e 1.3 litro. Além dele, uma versão mais longa seria lançada tempos depois, e juntos reinariam sozinhos por 4 anos, até que a Ford lançasse o Pampa – derivada do Corcel II, a Volkswagen com a Saveiro – derivada do Gol, e posteriormente com a Chevrolet Chevy 500 – derivada do Chevette.

Fiat 147 Pick up 1978–81

Fiat 147 Pick up 1978–81

Fiat 147 Rallye

Nesse mesmo ano, a Fiat apresenta a versão esportiva chamada 147 Rallye, que usava um motor 1.3 litro, que rendia 72 cavalos e 10,8 kgfm de torque. O que era muita força para um carro tão leve e tão pequeno.

No visual, o modelo tinha faixas laterais pretas, defletor dianteiro, novos faróis auxiliares, e uma nova tomada de ar para a pequena grade, além rodas com um novo desenho, feitas de aço. No interior, cinto de três pontos para o passageiro e motorista e bancos reclináveis com encosto de cabeça.

Um novo painel, mais completo, com direito a conta-giros, velocímetro e manômetro de óleo completavam o visual do modelo.

Fiat 147 Rallye 1978–81

Fiat 147 movido a álcool

Lançado em 1979, o Fiat 147 a álcool foi o pioneiro por ser o primeiro carro a usar álcool num motor. O modelo esteve em testes durante três anos antes de ser lançado.

O motor era o 1.3 litro com 60 cavalos, o painel era o mesmo da versão Rallye e as rodas também vieram do modelo esportivo.

Encostos de cabeça no banco traseiro, eram itens de série e inovadores, já que nenhum outro modelo nacional tinha tal item, os famosos vidros verdes com desembaçador, também estavam presentes, além dos cintos de três pontos para motorista e passageiro. O carro ainda contava com freios assistidos, que auxiliavam o motorista durante as frenagens.

147 alcool

A primeira reestilização

O modelo ganhava sua primeira reestilização em 1980, sua nova frente mais alta e quadrada, chamada pela Fiat de “Europa”, tinha o capô mais elevado, grade com leve inclinação para frente, e agora as luzes de direção vinham do lado dos faróis principais.

Isso não agradou muito os compradores, e as versões picape, a básica e a Furgoneta, continuavam com o visual antigo.

Fiat 147 Rallye 1982–83

Fiat Panorama

Apresentada em abril de 1980, a Fiat Panorama era o terceiro veículo da gama 147. Com janelas maiores, ela comtemplava o espaço interno, isso graças a 18 centímetros a mais que versão normal do 147, isso sem alterar o entre eixos.

Um novo painel era destaque na perua que tinha um detalhe estilístico um tanto curioso, um pequeno calombo no teto, igual ao que a Peugeot usa no 2008, quase imperceptível, mas estava ali. Seus rivais diretos eram a Chevrolet Marajó – derivada do Chevette e um nível ainda mais abaixo, estava a Ford com a Belina – baseada no Corcel II.

A Volkswagen Parati só apareceria dali dois anos, e a Volkswagen havia descontinuado a Variant II. O mote de vendas da Panorama, era sua versatilidade e espaço interno.

Era capaz de transportar 730 litros com os bancos traseiros em posição normal, e até 1440 litros com os bancos rebaixados. O já conhecido motor 1.3 litro agora lidava com 850 kg, e o tanque comportava 52 litros de combustível, contra cerca de 43 litros da concorrência.

Fiat Panorama 1980–86

Fiat Panorama 1980–86

Fiat 147 picape agora se chama Fiat 147 City

Já em 1981, a picape derivada do 147 passava a usar a plataforma do Panorama que era 18 centímetros maior que o modelo que lhe dava origem.

Sua capacidade de carga tinha subido para 570 kg, e além da plataforma a picape agora chamada de 147 City, usava também as mesmas lanternas da perua.

Nesse mesmo ano, surgia o Fiorino Furgão com teto mais alto, o que lhe proporcionava um amplo espaço interno de carga. Em 1982, a picape recebia a mesma frente do modelo Europa e deixava o visual antigo para o modelo de entrada.

Fiat City 1981–88

Fiat Spazio

Mais uma renovação para o Fiat 147 era vista em 1983, tanto para o hatch quanto para a perua, a versão Spazio era uma versão de luxo.

Novos faróis, bem maiores do que eram usados no modelo Europa e na grade as cinco barras laterais que viriam a ser a nova identidade do logo da Fiat.

spazio

Fiat Oggi

No mesmo ano, a família Fiat 147 aumenta mais uma vez, agora com a versão sedan chamada de Oggi, que dividia a mesma plataforma com a perua Panorama, o que lhe garantia bom espaço interno.

O Oggi concorria com o Volkswagen Voyage, e o Chevrolet Chevette. Seu porta-malas era o maior da categoria, mas seu design retilíneo já não agradava mais, já que a traseira parecia ter sido enxertada no modelo, que ficava com aparência de improvisação.

Uma versão esportiva do sedan chamada Oggi CSS, que trazia um novo motor 1.4, que agora desenvolve 78 cavalos e 11,2 kgfm de torque. Algumas alterações com uma nova altura, mais baixa para deixar mais esportivo, suspensão traseira mais firme e novas rodas, completavam o pacote esportivo do sedan.

Fiat Oggi CS 03

Fiat Oggi2

Fim de uma era

O Fiat 147 foi um grande divisor de águas, não só por ser o primeiro modelo da Fiat no Brasil, mas por levar inovações para as massas. Foi o primeiro veículo nacional a usar motores transversais e utilizar o álcool como combustível, o primeiro a ter uma picape derivado de um carro de passeio e criar uma nova categoria, que se estende até os dias de hoje.

O primeiro a ter um furgão que também deriva de carro de passeio, e que hoje tem o Fiorino, derivado do Uno, deixou várias heranças técnicas para seus sucessores como o Uno e o Palio em questão de motores e soluções inteligentes.

Ele saiu de linha em 1986, após 10 anos de produção e mais de 1 milhão de veículos produzidos, levando em conta suas derivações, e deixando um legado importante para seu sucessor, o Fiat Uno.

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klebersilva
Autor: Kleber Silva

Kleber, 28 anos, designer e apaixonado por carros desde pequeno. Formado em design gráfico pela UNIP, ouvinte assíduo de música pop e master chef nas horas vagas.