Com ganho de mercado das chinesas, montadoras internacionais já consideram sair da China

grand commander 2022 1
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Antes a galinha dos ovos de ouro, a China agora é um celeiro com fogo na palha para as montadoras internacionais estabelecidas por lá, haja visto que o mercado automotivo local, o maior do mundo, vive uma guerra de preços sem fim.

Há poucos anos, as montadoras estrangeiras ganhavam “mais dinheiro do que Deus” na China, com os players atendendo todos os pedidos dos clientes chineses, sejam eles minivans luxuosas, sedãs esticados ou modelos duplicados.

Todavia, quando a era de supremacia do motor a combustão acabou, a revolução dos carros elétricos mudou tudo no país. Hoje, quase todos os players globais estão ociosos na China, com apenas seis joint ventures operando pouco abaixo de 50% da capacidade. Esse é o caso de SAIC-GM e SAIC-VW, por exemplo.

ford taurus arabe 2
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Já a maioria das 19 joint ventures de marcas estrangeiras na China opera abaixo de 20% da capacidade instalada, como a Ford. Com exceção da Toyota e da Tesla, todos os fabricantes estrangeiros perderam muito terreno no país nos últimos seis anos.

Em 2017, as marcas chinesas tinham 40% do mercado, mas hoje elas possuem 57%. Apoiadas pelo governo, elas entraram numa guerra de preços onde apenas as mais fortes sobreviverão em algum momento.

Na faixa até 300.000 yuans ou R$ 210.100, existe um verdadeiro massacre de preços, onde os fabricantes estrangeiros estão sendo atingidos por custos crescentes e vendas decrescentes, já que seus carros elétricos são mais caros que os locais.

novo onix sedan 2020 china 11
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Investir na China hoje é muito caro e vários players revisaram seus planos para lá, como a Nissan, por exemplo. As perdas com a forte concorrência, onde os consumidores tradicionais ainda apoiam os carros comuns, se tornou insuportável para alguns.

A Stellantis foi uma das que jogaram a toalha na China, mesmo tendo as francesas Citroën e Peugeot, que outrora eram bem populares. A Renault fez o mesmo. Para marcas de fora com produtos comuns, esse mercado de 26 milhões em 2023, tornou-se um campo minado.

Já as Big Three acreditaram que os chineses sempre iriam preferir as marcas de fora e que os carros a gasolina seriam como no Brasil, para sempre… Enganaram-se. Hoje o chinês quer mais as marcas locais e muitos deles são nacionalistas.

vw id6 oficial 6
vw id6 oficial 6

A GM não teme “tomar decisões difíceis ou talvez decisões que as pessoas não esperariam”. A Ford já mostrou que também não tem medo de sair feia na foto…

Outro ponto é que os carros elétricos chegaram ao nível de preço dos carros a combustão, apoiados por uma rede extensa de pontos de recarga compartilhados e nível tecnológico elevado. Não são mais como o JAC J3 Turin elétrico do passado.

Mesmo a VW, a mais confiante e líder das estrangeiras (que perdeu a ponta para a BYD), já reduz seu ritmo por lá e está pronta “para desistir de mais algumas ações nos próximos dois ou três anos”.

audi q6 oficial 2
audi q6 oficial 2

Todavia, em meio ao caos até 300.000 yuans, acima disso ainda reina a paz. Marcas de luxo de fora continuam a ganhar dinheiro, em especial o trio alemão: Audi, BMW e Mercedes-Benz.

O chinês rico ainda exige marcas de renome e enquanto for assim, as marcas premium do estrangeiro continuarão a dominar o luxo da China. Já o resto está no campo de matança…

 

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X