Montadoras cogitam trazer ao Brasil linhas de montagem usadas

Os carros elétricos exigiram que vários fabricantes substituíssem as antigas linhas de montagem de carros a combustão e estas foram colocadas de lado diante da eletrificação, especialmente na Europa.

Para os fabricantes que substituíram suas linhas de montagem no exterior para carros elétricos, a expectativa agora é de transferir tais equipamentos não mais usados na produção de carros a combustão para o Brasil, conforme reportagem do Estadão.

Impulsionados pelo programa Mover, que prevê incentivos para importação de linhas de produção e exportação de carros feitos por estas linhas, os fabricantes estão se empenhando em transferir linhas mais modernas para o país.

O movimento não é novo na indústria, mas agora deve acentuar-se, já que cálculos apontam enorme economia em relação a construir uma planta com maquinário zero km.

Francisco Tripodi, sócio-diretor da Pieracciani, uma consultoria especializada em inovação, comentou: “Pensando que muitas vezes essa operação será feita dentro de um mesmo grupo – como, por exemplo, uma filial no Brasil que vai trazer uma linha não mais usada pela matriz na Alemanha – o único gasto é de transferir a linha”.

Tripodi aponta para uma economia da ordem de 50% se comparada com a construção de uma planta totalmente nova. Uma montadora, em anonimato, confidenciou que outra vantagem de importar linhas usadas é o tempo de instalação.

Ricardo Bastos, diretor de assuntos institucionais da GWM, também concorda que é uma alternativa interessante para os fabricantes de veículos, importarem linhas de montagem usadas.

Bastos afirmou que é possível pensar em trazer ao Brasil linhas de montagem que não são mais usadas na China para promover um rápido investimento em produção no país.

Na China, o mercado é 12 vezes maior e muitos fabricantes, como se sabe, operam com menos de 20% da capacidade naquele país, existindo lá capacidade instalada de 50 milhões de carros ao ano, mas apenas metade disso é usada.