VW Saveiro G4: Uma “nova geração” com mudanças para pior

Saveiro G4

A Saveiro G4 surgiu em 2005 como linha 2006.

Ela acabou sendo mais uma ação de marketing da Volkswagen do que qualquer outra coisa, pois a marca queria imprimir uma nova geração apenas com mudanças visuais como fizera sete anos antes com a chamada geração G3.

Por cerca de quatro anos, a Saveiro G4 ostentou um estilo mais simplista, especialmente em termos de acabamento. Podemos dizer que se tratou de um ponto baixo na história do modelo.

A manobra era mesmo para empobrecer o Gol G4 diante do Fox e do Polo, mas isso significava que Parati e Saveiro sofreriam as consequências, aliás, a perua também deveria ceder espaço para sua irmã que chegaria no ano seguinte, a SpaceFox.

Mas a Saveiro G4 teve seu momento, bom ou ruim, não importa.

O modelo chegou a ter duas séries especiais (Crossover e Super Surf) e manteve a mesma carroceria, sem adição de alterações estruturais, diferente da rival Strada, que já tinha cabine estendida desde 1999.

História

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No final de 2005, a Volkswagen lançou o Gol G4 e pouco tempo depois, a Parati G4 junto com a Saveiro G4.

A mudança visual começou pela suavização das linhas em busca de algo que havia sido perdido na Saveiro G3, onde as linhas eram mais retilíneas e horizontalizadas.

A Saveiro G4 recebeu mudanças no capô, assim como nos faróis, que passaram a ser mais amendoados que na G3, mais retangulares. Além disso, a picape leve focou o conjunto ótico em uma aparência mais simples com monoparabola.

A grade agora era fundida com o para-choque, criando um aspecto de “V” e tripla grade inferior.

Na parte superior, ela passou a ser levemente curvada na base, mas manteve os conhecidos frisos horizontais.

Interior simplificado

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Por dentro, porém, a Saveiro G4 empobreceu-se de forma nítida. O ambiente estava bem mais simples que na Saveiro G3.

O painel apostava em difusores de ar circulares em cor contrastante com o restante do conjunto superior, que geralmente era de tom mais claro que o inferior.

Os contornos dessa parte até lembravam as do popular Chevrolet Celta, tal a frugalidade.

O console central era, no entanto, mais moderno e próximo do conjunto atual, mas ainda com sistema de áudio 1din bem destacado.

Os controles de ar-condicionado eram novos e sobre o rádio, havia espaço para botões adicionais, bem usados nos Gol e Parati G4 com vidros elétricos nas quatro portas, algo dispensável na Saveiro G4.

Versões

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A Saveiro G4 tinha duas versões basicamente, a City – com opções de motor 1.6 ou 1.8 – e Sportline, esta apenas com motor 1.8.

A picape leve da Volkswagen havia perdido o motor 2.0 usado na G3. Das duas, logicamente a segunda era mais bem acabada e tinha uma aparência mais amigável.

Na City, a Saveiro G4 tinha uma aparência simples, não não espartana, algo que seria explorado mais adiante pela VW. O diferencial mesmo ficava por conta dos faróis escurecidos, rodas de aço 15 polegadas com calotas integrais e badge simples.

Os retrovisores eram pintados na cor do carro e a caçamba tinha protetor do vidro traseiro, mas sem vigia basculante.

Porém, o restante do visual era bem “pobre”. As rodas de aço aro 14 polegadas com pneus 185/65 R14 não tinham sequer calotas, enquanto os para-choques eram totalmente pretos. Isso fazia com que a grade igualmente ostentasse a mesma tonalidade.

A Titan ainda contava com estribos tubulares nas laterais, bem como molduras pretas na base da carroceria. Esta Saveiro G4 tinha frisos laterais emborrachados em cor cinza com o nome da versão, o mesmo badge visto na tampa traseira.

Porém, o interior continua singelo demais, semelhante ao da versão City. Esta versão tinha somente o motor AP-1600 como opção.

Já a Saveiro G4 Surf virou versão comum a partir de 2008. A picape recebia então um para-choque parcialmente preto com faróis de milha e de neblina, ambos embutidos, bem como parte central e inferior da grade em cinza.

O para-choque traseiro era preto também, tendo ainda estribos laterais e saias de rodas emolduradas.

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A Saveiro G4 Surf tinha ainda barra protetora na caçamba, bem como capota marítima e rodas de liga leve aro 15 polegadas de design exclusivo. Faixas decorativas e o nome Surf estavam bem visíveis nas laterais e tampa traseira. O interior tinha acabamento melhorado, mas muitos itens eram opcionais, o que encarecia a versão.

Diferentemente da Titan, que era vendida na mesma época, a Surf gozava da opção do motor AP-1800, assim como do menor AP-1600.

Esta opção surgiu após o fim da Super Surf, que foi popular na Saveiro G3, mas que ainda teve uma edição no primeiro ano da Saveiro G4.

Na linha 2009, uma versão simplificada chamada Trend surgiu no lugar da City, oferecendo basicamente a mesma proposta.

Motores antigos

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Aliás, a Saveiro G4 permanecia com o mesmo esquema de abertura da caçamba com a placa embutida, impedindo o transporte de cargas mais longas com o compartimento aberto, já que a placa fica posicionada para o chão, impedindo sua visualização.

A picape media 4,451 m de comprimento, 1,651 m de largura, 1,480 m de altura e 2,598 m de entre-eixos.

Pesando 1.042 kg, a Saveiro G4 tinha caçamba com 859 litros de espaço e mais um tanque com 53 litros de combustível. Já a capacidade de carga era de 658 kg. Na versão Sportline, as rodas de liga leve eram de 15 polegadas e tinha aspecto bem interessante com cinco raios.

Os pneus eram 195/55 R15 e a suspensão era mais elevada que na versão City, mais simples.

Com motor e câmbio em longitudinal, o mesmo velho esquema do Gol 1980 continuava.

Não havia um subframe, sendo a suspensão dianteira presa diretamente na estrutura da carroceria. A dianteira era McPherson com discos de freio comuns, enquanto a traseira era por eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores telescópicos, tudo muito simples. O freio traseiro era a tambor.

Com uma arquitetura arcaica, a Saveiro G4 também tinha motores vetustos.

Estes eram os AP-1600 e AP-1800, ambos herança da primeira geração de motores a água da VW, que por sua vez estreou na Audi em fins dos anos 60. Com bloco de ferro fundido ainda tinha o eixo da bomba de óleo e do extinto distribuidor.

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Esse motor tinha também cabeçote de alumínio com 8 válvulas e comando simples, mas já sem as terríveis pastilhas dos tuchos mecânicos, substituídos por hidráulicos na incorporação de injeção eletrônica multiponto.

Mas, a inovação era mesmo a tecnologia Total Flex, que permitiu pela primeira vez o uso de etanol junto com a gasolina ao mesmo tempo.

Nessa altura, ambos eram flexíveis na Saveiro G4, sendo que o AP-1600 entregava 97 cavalos na gasolina e 99 cavalos no etanol, ambos a 5.750 rpm e 14,1 kfgm de torque no derivado de petróleo e 14,4 kgfm no vegetal, ambos a 3.000 rpm.

Com ele, a picape em sua versão City ia de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos e com velocidade máxima de 165 km/h.

O consumo não era ruim. A Saveiro G4 City 1.6 fazia 11,3 km/l na cidade e 16,5 km/l na estrada com gasolina, além de 7,9 km/l no ciclo urbano e 11,4 km/l no rodoviário, quando abastecida com gasolina. Mas, para as versões City e Sportline, estava reservado também o AP-1800 (opção única na segunda) com mais força e disposição.

O propulsor dispunha de 103 cavalos na gasolina e 106 cavalos no etanol, ambos obtidos em 5.250 rpm. Nos mesmos 3.000 rpm do AP-1600, o 1.8 tinha 15,5 kgfm na gasolina e 16,0 kgfm no etanol. Isso permitia ir de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos e ter máxima de 176 km/h.

O consumo com gasolina era de 10,8 km/l na cidade e 15,6 km/l na estrada. No álcool, era 7,5 km/l no urbano e 11,0 km/l no rodoviário.

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O câmbio era o bom manual de cinco marchas empregado desde muito tempo na Saveiro, tendo engates bons, preciso e macios, assim como embreagem com acionador hidráulico.

Porém, a posição de dirigir era deslocada pelo projeto ruim do AB9, que originou toda a família G2 com base na plataforma antiga BX, usada desde 1980.

A GM cometeria o mesmo erro com o Chevrolet Agile e a picape Montana, ao usar a base do Corsa B de 1994, mas 15 anos depois.

Hoje, a segunda tem a base mais antiga entre os carros nacionais. No caso da Saveiro G4, a herança do Passat de 1974 só seria encerrada em 2009.

Além dos AP-1600 e AP-1800, ambos TotalFlex, a Volkswagen lançou uma opção alternativa para quem desejava um carro movido por gás natural, os motores AP TriFlex, que eram movidos também por GNV, além dos dois combustíveis.

Séries especiais

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A Saveiro G4 teve duas séries especiais propriamente ditas no decorrer de sua curta vida. A primeira delas foi a Super Surf, herdada da Saveiro G3, que também emprestou a Crossover, um ano depois.

Como sempre, as séries especiais ajudam a marcar épocas e momentos importantes, mas também contribuem para dar uma ajuda nas vendas em situações onde a novidade ainda vai demorar.

Saveiro Super Surf

Quando a Saveiro G3 saiu de cena, com ela morreu a série especial Super Surf, que sobreviveu à mudança para Saveiro G4, mas com curta duração. Em 2006, a picape leve ganhou essa edição com rodas de liga leve de 15 polegadas com pneus 195/55 R15 e seis raios, num acabamento cinza.

Ela tinha um protetor traseiro da cabine padrão, que seria eliminado nos últimos anos da Saveiro G4, tendo ainda capota marítima e inscrição Super Surf na caçamba.

Vinha com alguns itens de série e seu pacote era interessante para quem queria algo mais da picape nacional. Era bem mais simples que a futura Saveiro Surf.

Saveiro Crossover

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Em 2007, a VW incorporou a série especial Crossover, que vinha com visual personalizado, mesclando o espartano com um algo a mais.

Esta Saveiro G4 tinha para-choques e grade pretos, mas adicionava uma barra de impulsão, além de faróis de neblina. Na caçamba, vinha outra barra tubular, mas para proteção de cabine.

Os retrovisores eram pretos, tal como as maçanetas, mas as rodas eram de liga leve aro 15 polegadas. As laterais vinham com a inscrição Crossover adesivada e sem nenhum friso, nem mesmo proteções adicionais no restante da carroceria, exceto embaixo dela com estribos semiocultos.

A tampa traseira chamava a atenção para o badge cromado alusivo à série especial.

O interior era o mais completo possível, com volante de quatro raios dotado de comandos de mídia e telefonia, bem como ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, sistema de áudio, entre outros.

A Saveiro G4 Crossover só durou na linha 2007, mas vinha com opção dos motores AP-1600 e AP-1800, ambos flexíveis em combustível.

Na verdade, uma Saveiro bolinha

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Como já mencionado anteriormente, o projeto da Saveiro G4 foi herdado da G2, que por sua vez vinha da anterior dos anos 80.

Era uma boa plataforma, apesar dos erros cometidos na evolução, onde o trem de força ainda era do mesmo tipo que em 1980.

Isso significa que, apesar das modificações, a Saveiro ainda era um carro a desejar, especialmente em segurança.

A robustez mecânica era um ponto positivo, especialmente para quem buscava um motor confiável e durável, que tinha manutenção facilitada pelos longos anos desde o lançamento no país. O câmbio ajudava a compensar a plataforma ultrapassada, assim como o conjunto de suspensão, exceto para uso propriamente de trabalho.

A falta de feixe de molas com eixo rígido, como na Fiat Strada, não atraía quem buscava um carro leve para trabalho mais pesado. Por fim, a ausência de uma alternativa com cabine dupla deixava a VW Saveiro G4 mais distante de sua rival.

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    Autor: Eber do Carmo

    Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.