GNV estraga o motor?

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Será que o GNV estraga o motor? Primeiro temos que saber o que é GNV.

O GNV (ou Gás Natural Veicular) é um combustível derivado do petróleo amplamente usado em algumas regiões do mundo, sendo bem mais limpo que a gasolina e o óleo diesel, com baixa emissão e custo menor de aquisição do metro cúbico do produto.

O assunto ainda é pauta para discussão, mas está mais relacionado com as vantagens e desvantagens de se utilizar o GNV.

Afinal, nem tudo são flores no uso de qualquer combustível. Assim, este artigo procurará responder sobre essa questão importante.

Veja também: porque carros com GNV explodem?

GNV estraga o motor?

Independentemente das vantagens e desvantagens do uso do GNV, o gás natural veicular não estraga o motor. Vejamos o motivo.

Basicamente, o gás natural veicular é um combustível muito mais limpo que a gasolina e, por consequência, possui menos impurezas que possam danificar peças e componentes que estão em contato com ele.

Isso reduz a formação de depósitos e a corrosão, especialmente porque não tem como se misturar com a água, como é o caso da gasolina.

Por manter as partes do motor “secas”, o GNV permite que os dutos fiquem mais limpos e livres de ação nociva de combustíveis líquidos, tanto da gasolina quanto do etanol, sendo que este último pode ainda conter um alto nível de água.

Além disso, existem a possibilidade dele ter propriedades químicas altamente corrosivas, apesar de os motores modernos Flex serem projetados para suportar essa característica do produto.

De qualquer forma, ele não é só mais limpo nos aspectos ambientais, como também o GNV é mais econômico em termos financeiros e em manutenção.

Porém, existem algumas cuidados que se deve tomar neste último caso, em virtude de algumas características da utilização do gás natural veicular.

Antes, vejamos como ele é utilizado aqui e lá fora.

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Uso do GNV no Brasil

No Brasil, diferentemente de muitos outros mercados, em especial Europa e EUA, o emprego de gás natural veicular não é feito em larga escala. O combustível gasoso não pode ser comparado com diesel, gasolina e etanol no que diz respeito ao emprego do mesmo.

Em algumas regiões do Brasil, especialmente no estado do Rio de Janeiro, o GNV tem uso em nível que chega a superar os de países desenvolvidos. O motivo não tem relação com a preferência pelo produto, mas por causa de incentivos fiscais dados pelo governo local para esse tipo de combustível, o que torna vantajosa sua utilização.

No Rio de Janeiro, exemplo maior da utilização do GNV no Brasil, o IPVA para qualquer veículo – e isso inclui os casos de carros superesportivos, sedãs de alto luxo e SUVs de elevado valor – abastecido por gás natural veicular é de 1,5% do valor do carro e essa alíquota teve expressivo aumento recentemente.

Um carro comum a gasolina ou flex recolhe 4% de IPVA no estado. Os carros elétricos são os que menos recolhem IPVA no estado: 0,5%. Por isso, o GNV é tão vantajoso na região. Outro ponto é o valor do metro cúbico do GNV, que é bem inferior ao do etanol, por exemplo.

Em termos de consumo, o gás natural veicular é menos eficiente no uso breve, por isso a vantagem só aparece para quem roda muito. Não por acaso, o combustível é utilizado por frotas, especialmente de taxistas, tanto no Rio quanto em outros estados.

Um exemplo de seu rendimento é que um carro que faz 10 km/l na gasolina e 7 km/l no etanol, tem consumo entre 13 e 14 km/m3 de GNV.

A autonomia, nesse caso, é medida conforme o tamanho do cilindro pressurizado que armazena o gás natural veicular a bordo do veículo. O porte deste só varia de acordo com o espaço que o automóvel dispõe para leva-lo, variando de 5 m³ a 15 m³, em média.

No exterior, o uso é tão amplo que os fabricantes de veículos produzem os carros já prontos para usar o GNV.

Aqui já foi assim como o uso de um sistema com GNV de fábrica no Chevrolet Astra Multipower, Fiat Grand Siena Tetrafuel ou CN Auto Topic GNV (foto acima), que ainda podia receber gasolina pura, sem adição de etanol.

Mas, todos tinham cilindros comuns. Na Europa, os reservatórios geralmente são no formato do estepe e ocupam seu espaço, evitando assim a perda de espaço no porta-malas.

Assim, GNV estraga o motor? Não, caso contrário os fabricantes não apostariam nele.

Manutenção

Um motor adaptado para uso com GNV requer manutenção diferenciada. Especialistas apontam para uma redução na vida útil das velas de ignição, cuja troca varia de 30.000 a 40.000 km normalmente.

No caso do gás natural veicular, o tempo para substituição das mesmas cai para 15 mil km em média.

Outro ponto, no entanto, é que o óleo lubrificante dura mais que no uso com gasolina e etanol, visto que o GNV não entra em contato com este produto, importante para o funcionamento do motor, aumentando assim sua vida útil, geralmente acrescentando algo entre 1.000 e 2.000 km o tempo de troca do fluído.

Além disso, a formação de depósitos na câmara de combustão é reduzida pelo motivo já citado mais acima, garantindo maior vida útil ao motor. Porém, o uso prolongado do GNV pode acarretar em um problema.

O etanol ou gasolina contidos no tanque e necessários para a partida a frio do propulsor, envelhecerão rapidamente e perderão suas propriedades, reduzindo a eficiência e provocando um acúmulo de resíduos no tanque e motor.

Mas, de qualquer forma, o GNV garante um prolongamento de vida útil no geral, especialmente para o escapamento, estimado em 20% a mais. Porém, para que isso ocorra, é necessário manutenção constante e uma adaptação de qualidade e segurança, atestada pelo Inmetro. Com isso o GNV estraga o motor só se a manutenção não for feita.

Adaptação

Boa parte dos problemas que falam sobre o uso do GNV vem da instalação. O recomendado é adquirir um kit certificado pelo Inmetro e instalado em oficinas credenciadas pelo instituto. Seu custo vai variar de acordo com o serviço e tecnologia, indo de R$ 1.500 a R$ 6.000, mais ou menos.

Fazer a instalação de forma certificada é estar colocando um equipamento de qualidade e segurança a bordo do veículo. Feito isso, o recomendável é sempre estar em dia com a manutenção e, logicamente, rodar o máximo possível para que a vantagem financeira seja realmente obtida.

Assim, GNV estraga o motor? Não.

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X